A Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA), apresentou hoje (30) o pintor de paredes Jhonis Alberto Gomes Correa, de 21 anos, preso no último domingo (27). Ele é acusado de cometer crimes de tortura contra a enteada de apenas dois anos e quatro meses e de manter a menina e a mãe, de 19 anos, em cárcere privado.
A jovem de 19 anos, que terá sua identidade preservada, contou à polícia detalhes dos dias de horror que viveram na casa de Jhonis.
Ela reencontrou Jhonis, que era seu colega de escola, há alguns meses. Diante da reaproximação, veio o namoro. Na semana passada, na terça-feira (22), a jovem decidiu ir morar com Jhonis e levou sua filha, de dois anos e quatro meses.
Segundo o depoimento da mãe, na quarta-feira (23) começaram as agressões. Jhonis se queixava do comportamento da criança, mimada, fato que causou as primeiras agressões.
A jovem de 19 anos e sua filha viveram três dias intensos de horror. Jhonis reteve o celular da mulher para que ela não tivesse contato com amigos e familiares e lançou a ameaça: se a jovem deixasse a casa, mãe e filha seriam mortas.
Primeiro foram tapas e socos, mas até ferimentos à faca foram feitos no rosto da criança. A mãe disse que tentava proteger a filha, mas era incluída nas agressões. Ambas apresentam hematomas e escoriações por todo corpo. A mãe também tinha cortes de faca nas mãos.
De acordo com o relato da jovem, Jhonis também não deixava a criança dormir. A colocava debaixo do chuveiro e segurava até que ficasse roxa. Ele chegou a colocar a criança dentro da máquina de lavar, submergi-la e ligar a máquina.
Quanto mais a jovem tentasse defender a criança, mais Jhonis a machucaria, declarou a mãe da criança ao delegado substituto Paulo Sérgio Lauretto, da DEPCA.

O delegado exibe fotos dos ferimentos e hematomas na criança e na jovem
Foto: Deurico/Capital News
Na sexta-feira, depois de intensas agressões, a jovem conseguiu convencer Jhonis deixar a criança na casa da avó. De posse da chave, a jovem entrou sem ser vista, deixou a criança e saiu.
O choro da criança despertou o avô. A menina estava na sala da casa e apresentava vários ferimentos. A avó decidiu levar a criança ao médico. No posto de saúde vários ferimentos foram detectados, inclusive na região genital da criança, o que levantou a suspeita de abuso. A médica então aconselhou que a avó registrasse um boletim de ocorrência sobre o fato.
No domingo (27), Jhonis resolveu ir à casa da mãe. A jovem, ainda sob ameaça o acompanhou. Por um descuido do rapaz, a mãe da criança conseguiu enviar uma mensagem de texto do celular para um amigo. Na mensagem ela explicou rapidamente o que estava acontecendo e passou o endereço, para que fosse socorrida.
O amigo da vítima acionou a Polícia Militar, que foi até o local, no Jardim Bálsamo e efetuou a prisão de Jhonis, inicialmente por cárcere privado. Em seu depoimento a jovem relatou as práticas de maus tratos e tortura contra ela e sua filha.
Segundo Lauretto, Jhonis poderá ser condenado a oito anos por crime de tortura e de um a três anos por cárcere privado.
Durante a apresentação Jhonis se declarou inocente, disse que não fez nada e que a jovem de 19 anos estaria mentindo. Segundo ele a jovem tem raiva de sua ex-mulher, motivo pelo qual está inventando história.
Os crimes de tortura e cárcere privado serão investigados pela DPCA e pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, respectivamente.
Um relatório extra-oficial negou a possibilidade de crime de violência sexual.


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Foto: Reprodução