A produtora de celulose branqueada de eucalipto Fibria, uma gigante do setor em Três Lagoas, município distante 338 quilômetros de Campo Grande, entrou na Justiça contra a concorrente, Eldorado Brasil, mega fábrica controlada pela J&F Investimentos. A empresa suspeita que um clone de eucalipto de sua propriedade foi usado em plantios da concorrente.
A Fibria quer que a Justiça descubra se um clone resultante de melhoramento genético tradicional, o cultivar VT02, foi usado em florestas da Eldorado, sem autorização ou licenciamento. A Lei de Proteção de Cultivares, de 1997, garante o direito de propriedade do clone. O melhoramento genético do eucalipto é uma das principais ferramentas de competitividade da indústria de celulose, pois pode ampliar, significativamente, a produtividade.
A decisão da Fibria foi tomada a partir de denúncia anônima que a ouvidoria da empresa em Três Lagoas recebeu, conforme apurado pelo jornal Valor. A Eldorado também tem fábrica e florestas na cidade. Após a denúncia, a Fibria coletou folhas e galhos de eucalipto que estavam caídos em uma estrada que corta uma das florestas da Eldorado. Em seguida, a empresa enviou o material para análise genética em laboratório. O laboratório atestou que há 99,9% de possibilidade de a amostra ser idêntica ao clone protegido da Fibria.
A Eldorado recorreu a decisão e questionou a participação do laboratório Heréditas. Com isso, o caso ainda não foi julgado e a perícia foi suspensa. As companhias não informam detalhes do processo, mas a Fibria confirmou, em nota ao Valor, que entrou com ação judicial para "levantar evidências quanto a potencial de violação a seus direitos de propriedade intelectual".