Dos oito deputados federais por Mato Grosso do Sul, Dagoberto Nogueira (PDT), foi o único a não votar no Projeto Ficha Limpa. Ele é um dos 54 deputados, segundo o Congresso em Foco, que registraram presença na sessão ordinária de terça, mas não apresentaram votos.
Ao Capital News, via telefonema, o parlamentar informa que é favorável à medida e só não pôde votar porque perdeu o período de votação. “Ninguém votou contra. Estava concedendo entrevista, aí, o Michel [Temer, presidente da Câmara Federal] abriu a votação e eu não consegui votar. Mas, fiz questão de registrar minha presença. Ninguém mais do que eu defendi isso.”
O parlamentar afirma ainda que assinou requerimento solicitando que todos os deputados votassem a favor do projeto que visa proibir a candidatura de políticos com condenação na Justiça.
De fato, em seu Twitter, Dagoberto costuma escrever em defesa da proposta. “O projeto Fica Limpa é um instrumento para moralizar a política brasileira, tão afetada por escândalos envolvendo recursos públicos e também para evitara entrada de pessoas do crime organizado na política, com o único motivo de garantir vantagens para quem infringe a lei”, postou, dia 3.
Dagoberto diz que até teria sofrido recriminações do governo Federal – contrário à votação do projeto – por ser favorável. “Mas, o Lula sabe que nós [PDT] não votamos contra o trabalhador. Apesar de ser da base, sempre falamos que não iríamos nunca votar contra o trabalhador, mesmo se o projeto fosse enviado pelo Executivo.”
O deputado acredita que, mesmo contrariado, Lula sancionará a lei. “Dificilmente o Lula vai vetar. Até porque ele pode dizer que acabou com o regime previdenciário, que foi o Fernando Henrique quem colocou. E se isso continuar existindo, vai deixando a aposentadoria cada vez mais baixa.”
Ele credita informações de que teria deixado de votar por temer ser enquadrado na lei ao governo do Estado. “Isso é perseguição política clara em função das pesquisas.” Dagoberto estaria à frente de Waldemir Moka (PMDB) e Murilo Zauith (DEM) nas intenções de voto para senador.
Inquérito
No site do Supremo Tribunal Federal (STF), o inquérito INQ 200560000006199, sob protocolo 2009/42005 traz as iniciais D. N. F. – antes, constava, Dagoberto Nogueira Filho – como indiciado. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da instituição setembro de 2009, quando a imprensa pesquisou sobre (confira nas matérias relacionadas).
O inquérito investigaria supostos desvios feitos em 2005/2006 de recursos do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Dpvat). O Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) e a Secretaria de Estado da Fazenda seriam órgão e instituição responsáveis pelas destinações das verbas. Na época, Dagoberto era diretor-presidente do Detran-MS, durante a gestão do então governador José Orcírio Miranda dos Santos (o Zeca do PT).
Ao Capital News, Dagoberto negou que exista este inquérito. “Tudo já foi arquivado. Basta procurar no STF que não vai encontrar nada. Isso é perseguição política.”
As investigações tramitam em segredo de Justiça, conforme assessoria do STF. Não há informação sobre os valores que teriam sido retirados indevidamente.
Esta semana, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) ordenou que Dagoberto devolva R$ 6.390,82 aos cofres públicos. Ele também foi responsável pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) na gestão de Zeca. Conforme o TCE, existiram equívocos nas declarações referentes a convênio com a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT ou Correios). A decisão foi tomada terça-feira (4).(Com colaboração de Eduardo Penedo)
Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)
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