Viaturas zero quilometro que poderiam reforçar as forças de segurança de Mato Grosso do Sul estão paradas em um dos galpões do Governo do Estado, sem poder rodar... o motivo ?: Os veículos foram clonados e tiveram os chassis utilizados para esquentar veículos roubados e por questões burocráticas não podem ser emplacados. O esquema foi revelado em reportagem exibida na noite de ontem (11) pelo Fantástico, da Rede Globo.
O esquema foi descoberto pela Policia Civil do Rio Grande do Sul, que na semana passada, realizou uma operação em 15 cidades, na qual foram presas 13 pessoas e apreendidos 26 caminhões clonados.
Para legalizar veículos roubados, os bandidos clonavam os números de chassis de veículos zero quilômetro usando informações a que apenas autoridades deveriam ter acesso. Até caminhões do Exército Brasileiro estariam sendo usados no golpe.
Ouvido pela reportagem do Fantástico, o secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, José Carlos Barbosa, revelou que sete viaturas adquiridas pelo Ministério da Justiça, através de convênio com a Secretaria Nacional de Segurança Pública, estão nesta situação e impedidas de rodar.
O secretário reforça que, com a identidade do veículo violada, não é possível fazer o emplacamento do mesmo o que, por consequência, impede que as viaturas utilizadas.
Fraudes
O esquema de clonagem era praticado em ao menos 11 estados, usando veículos que eram exportados e zero quilômetro, destinados ao mercado interno.
Uma apuração interna realizada pela montadora Toyota descobriu a existência de clones de uma frota de 564 caminhonetes Hilux, que sequer tinham sido emplacadas.
Investigação
A investigação teve início com uma apuração solitária realizada por um agricultor de São Lourenço do Sul, cidade localizada ao Sul do estado gaúcho, após o roubo de seu caminhão na ERS-118, em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Ele buscou informações em postos de combustíveis e ouviu colegas motoristas, até descobrir um galpão no interior da cidade de Canguçu, também no Sul. É lá que estava o veículo roubado.
Com a informação, a polícia passou a investigar o suspeito pelo envolvimento no furto. Ingo Ramson Abraham, conhecido como Tio Pipa, é dono de uma loja de caminhões localizada na cidade de Pelotas. Ele foi uma das pessoas presas na operação realizada pela polícia na semana passada, juntamente com a mulher e um funcionário. Ele, porém, negou as acusações.
Ingo teria negociado a maioria dos 50 caminhões clonados que rodam no Rio Grande do Sul. No entanto, a estimativa é que o número total de clones rodando pelo Brasil chegue a 1 mil veículos.
A suspeita de que o vazamento dos dados pode estar ocorrendo a partir do banco de dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
Por meio de nota, o Denatran afirma não existir evidências de que possa ser o foco do vazamento, uma vez que os Detrans (Departamentos Estaduais de Trânsito) e montadoras também teriam acesso à base de dados.