A cotação da moeda americana completou três dias de alta na jornada desta quarta-feira, aproximando-se do patamar de R$ 1,80, nível de preços que ficou para trás há uma semana.
O mercado ficou um pouco mais avesso a risco na rodada de hoje. Os EUA continuam a divulgar números frustrantes do setor imobiliário, mostrando forte contração nas vendas de casas. E o banco central desse país apontou a recuperação gradual do mercado de trabalho, mas ressaltou que os gastos em imóveis continuam constrangidos pelo alto nível de desemprego, restrições de crédito e renda espremida.
Nesse cenário, o dólar comercial foi vendido por R$ 1,792, em alta de 0,56%, nas últimas operações de hoje. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,808 e R$ 1,786. Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi cotado por R$ 1,910, em um avanço de 1,05%.
Ainda operando, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) ensaia recuperação e sobe 0,21%, aos 64.944 pontos. O giro financeiro é de R$ 5 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York tem leve alta de 0,08%.
O economista Sidnei Nehme, da corretora de câmbio NGO, identifica algumas razões para a apreciação da moeda americana. Primeiro, a disposição das tesourarias dos bancos em reduzir suas "apostas" na baixa do dólar (as "posições vendidas", no jargão do mercado) no mercado futuro de moeda (BM&F), que costuma "guiar" a tendência dos preços no mercado à vista.
Segundo, o adiamento da oferta pública de ações (capitalização) da Petrobras de julho para setembro. Tradicionalmente, o lançamento de papéis brasileiros na Bolsa costuma atrair uma forte participação de capital estrangeiro. O mercado contava, portanto, com um ingresso expressivo de dólares, o que neste momento parece incerto.
Nehme também lembra que o Banco Central revisou suas expectativas para a entrada de investimentos estrangeiros neste ano, de US$ 45,0 bilhões para US$ 38 bilhões. Sem a expectativa de superavit comercial "exuberante", o economista acredita que a moeda americana deve encontrar um novo "piso", provavelmente mais alto que o valor corrente, se não agora, mas nos últimos meses do ano.
O especialista, porém, nota que os bancos ainda detém muitas posições "vendidas" em dólar, o que tende a reduzir o preço da moeda americana, em perspectiva. "Nosso entendimento é de que o momento é pontual e o movimento de valorização do dólar ainda não é sustentável e deverá retroceder", avalia, em seu relatório diário sobre o mercado de câmbio.
Juros futuros
As taxas negociadas no mercado futuro de juros subiram moderadamente no mercado futuro, que serve de referência para o custo dos empréstimos nos bancos.
A FVG apontou inflação de 0,19% pelo IPC-S, abaixo das projeções (queda de 0,15%). E o O Banco Central revelou que o volume de crédito no país atingiu a marca recorde de R$ 1,5 trilhão em maio (45,3% do PIB), num crescimento de 19% em 12 meses. Também comunicou que os juros bancários subiram pelo segundo mês consecutivo no período.
No vencimento para outubro, a taxa prevista aumentou de 10,81% ao ano para 10,82%. No contrato para janeiro de 2011, a taxa projetada avançou de 11,29% para 11,30%; e no contrato para janeiro de 2012, a taxa prevista ascendeu de 12,10% para 12,13%. Esses números são preliminares e estão sujeitos a ajustes.(Fonte: Folha Online)