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Economia Sexta-feira, 10 de Outubro de 2008, 12:19 - A | A

Sexta-feira, 10 de Outubro de 2008, 12h:19 - A | A

Crise econômica já atinge Mato Grosso do Sul

Lucia Morel - Capital News

A crise econômica mundial já começou a dar seus sinais em Mato Grosso do Sul. Conforme o perito economista Jorge Goya, o primeiro reflexo é sentido nas exportações, que devido a queda de consumo em países da Europa e da Ásia e também nos Estados Unidos vai diminuir o volume de exportações do Estado. “Com a crise, esses países vão diminuir seu consumo em todos os níveis e os nosso principais produtos, como carne, soja e milho serão menos vendidos para essas regiões”, prevê o economista, que afirma que essa crise econômica afetará o mundo inteiro, “sem poupar ninguém”.

Por outro lado, Goya destaca que esse acúmulo de produtos que pode ser gerado em Mato Grosso do Sul vem a contribuir com os consumidores do Estado, isso porque, com o excesso de oferta no Estado, os preços tendem a cair, facilitando sua compra. “Isso pode ser bom para nossos consumidores porque vai cair o preço da carne e dos grãos. Essa é uma pressão inevitável, já que com a diminuição das exportações os produtores terão que dar um jeito de vender seus produtos”, avalia o economista.

Mas os pontos positivos acabam por aí, uma vez que, conforme Goya, como o mercado é uma cadeia, “com os produtores vendendo menos, haverá menos dinheiro circulando no comércio, afetando diretamente outros setores da economia”, destaca, dizendo que um dos maiores problemas de Mato Grosso do Sul é devido à sua concentração de renda proveniente da agropecuária. Os custos de produção para esse setor também devem aumentar, já que os aditivos e insumos são valorados todos em dólar.

Uma das cidades do Estado que mais devem sofrer com essa realidade é Dourados, que tem uma economia extremamente voltada e dependente do agronegócio. “Qualquer crise nesse setor mexe diretamente com as bases econômicas de Dourados”, bem diferente do que ocorre com Campo Grande, conforme Goya, já que a Capital, apesar de ter forte influência agropecuária, também movimenta a economia com o setor público e de serviços, que aquecem a economia e a deixam menos dependentes de outros setores.

Goya orienta ainda que os consumidores consumam menos, ou mesmo, apenas o necessário. “Não sabemos como essa crise vai parar, então o momento é de precaução. Portanto, o ideal é que as pessoas consumam apenas o necessário”, alerta, explicando que, para não deixar aumentar os juros, o governo tem liberado dinheiro no mercado, e isso coloca mais reais à disposição do consumidor, elevando o consumo.

Com o atual quadro econômico mundial, outra crise que vem sendo enfrentada é a de crédito, já que com menos dinheiro em caixa, os bancos centrais dos países têm reduzido os recursos para empréstimos, deixando empresários e fornecedores sem dinheiro suficiente para suas movimentações e aplicações.

Folga x crescimento
A atual situação econômica do Brasil é de “folga”, conforme o economista. Isso porque o governo Lula tem sabido administrar as mudanças feitas a partir do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Economicamente estamos muito mais descansados e numa situação muito mais confortável do que a que tínhamos com o FHC. Além de termos US$ 220 bilhões guardados em dólar para segurar a economia, a Lei de Responsabilidade Fiscal também contribuiu e muito para o corte de gastos e para uma administração mais responsável dos governos, o que, sem dúvida, fez com que a máquina pública fosse administrada com mais seriedade e menos gastos”, avalia.

No entanto, apesar dessa situação “confortável” do Brasil, o crescimento econômico para 2009, seja aqui ou seja em outros países será “medíocre”, nas palavras do economista. As economias mundiais, como China e Índia vem desacelerando, gerando muita desconfiança no mercado e queda de investimentos. Assim, a partir do ano que vem, a tendência é de que diminuam, em todo mundo, a produção e o consumo, provocando crescimentos econômicos baixos e sem atrativos.

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