Quarta-feira, 24 de Setembro de 2008, 18h:35 -
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Demanda por álcool deve crescer 150% em dez anos
Da Redação
O forte crescimento do mercado de álcool fez a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) revisar suas projeções para os próximos dez anos. A nova estimativa prevê um crescimento de 150% da demanda por álcool até 2017, que chegará a 63,9 bilhões de litros -- a estimativa anterior previa que esse volume só seria atingido em 2030. Para 2008, a projeção é que a demanda ficará em 25,5 bilhões de litros.
Para o atendimento dessa demanda, está prevista a construção de 246 novas usinas, com investimentos estimados entre US$ 20 bilhões e US$ 25 bilhões. A expansão projetada pela EPE é baseada no mercado interno, impulsionado pelo aumento da frota de veículos bicombustível. Dos 63,9 bilhões de litros previstos para 2017, 53,3 bilhões de litros são do mercado interno e 8,3 bilhões de litros para as exportações.
Na visão da EPE, a frota de veículos bicombustível terá crescimento médio de 3 milhões de unidades por ano até 2017. Assim, a frota de veículos leves saltará dos atuais 23 milhões de unidades para 37 milhões de unidades daqui a dez anos. Do total de veículos leves nas ruas hoje em dia, 30% são bicombustível; em 2017, serão 73,6%.
O presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, explicou que o cenário traçado pela EPE leva em conta um cenário com o barril do petróleo custando, em média, US$ 85 nos próximos dez anos. O especialista disse que o mercado de álcool é viável com o barril do petróleo acima dos US$ 75. Para Tolmasquim, é difícil imaginar o barril abaixo dos US$ 75 nos próximos anos.
"O álcool é vantajoso para o consumidor se custar até 70% do preço da gasolina. Atualmente, pela média nacional, custa 59%. Não considero que vai ficar muito diferente disso", afirmou.
Crise internacional
Tolmasquim minimizou possíveis influências da crise internacional sobre o investimento para a expansão da oferta de álcool, ainda que haja uma parcela considerável de investidores estrangeiros apostando nesse mercado. Ele ressaltou que 46% das usinas previstas para os próximos dez anos já estão em construção.
"Apesar de haver capitais externos, grande parte dos recursos é financiada dentro do Brasil, e há também um grande volume de capital interno", observou.
Em relação ao cenário da demanda externa por álcool, Tolmasquim disse que a previsão da EPE é "bastante conservadora". Segundo ele, a estimativa procurou levar em conta a garantia de atendimento do mercado interno e os contratos já fechados ou bem encaminhados.
"Haverá forte demanda por álcool de outros países, pela mudança de legislação na União Européia e nos Estados Unidos, por exemplo, que já exigem maior participação de biocombustíveis na matriz energética", afirmou. (Fonte: Folha Online)
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