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Economia Sexta-feira, 11 de Janeiro de 2008, 12:44 - A | A

Sexta-feira, 11 de Janeiro de 2008, 12h:44 - A | A

Preço da energia para indústrias deve subir

Terra

A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), a Companhia Piratininga de Força e Luz e a Rio Grande Energia S.A., que atendem a 5,2 milhões de clientes em 515 municípios dos estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul, irão cancelar, na próxima segunda-feira, os contratos especiais com os consumidores industriais, que passarão a pagar o preço cheio de R$ 800 o MW/h, ou seja, mais do que o dobro dos R$ 350 o MW/h contratados anteriormente. Segundo fontes do mercado, outras distribuidoras de energia deverão seguir caminho semelhante.

"O problema é que a maioria das indústrias assinou em dezembro último o contrato anual para a redução de preços e, já no começo de janeiro, os contratos são suspensos", diz Segundo Eduardo Amorim, diretor regional da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em Ribeirão Preto. "A CPFL poderia, pelo menos, dar um prazo para que as indústrias se adequassem à nova tarifa de pico", surpreende-se.

Amorim ressalva no entanto que a suspensão do contrato é legal. Para ele, há empresas que contrataram segundo turno contando com a energia mais barata e, agora, além de arcar com aumento de custos, podem demitir empregados. A CPFL por meio da assessoria de imprensa limitou-se a confirmar os cancelamentos dos contratos.

"É difícil saber quem está com a verdade: se o governo, que avisou que não há risco de racionamento de energia, ou se as concessionárias, que, talvez antecipadamente, aumentam as tarifas", diz Aldo Fernandes Júnior, diretor-superintendente da Companhia de Bebidas Ipiranga (CBI), engarrafadora Coca-Cola de Ribeirão Preto. "Mas deve haver certo risco (de racionamento), pois quando isto acontece, grandes consumidores são os primeiros a comparecerem com tarifas majoradas", assinala.

Segundo Fernandes, a CBI, dentro do possível, tentará reduzir a produção em horário de pico. Mas, nesta época do ano, devido ao calor, é mais difícil. "Quanto ao movimento e armazenagem de carga, não há escapatória", afirma. A CBI faturou R$ 670 milhões em 2007, tem 2,3 mil funcionários e opera 24 horas por dia, com uma demanda instalada de 4 MW.

Segundo um profissional do setor, que preferiu manter-se no anonimato, as distribuidoras, por força de lei, são obrigadas a comprar energia com cinco e três anos de antecedência, além de ajustar os volumes de compra anualmente. "No leilão de 27 de setembro último, a CPFL adquiriu exatamente o que ela pediu, ou seja, uma potência de 24,5 MW médio", diz o profissional. "Se a distribuidora comprou o que precisava, o que ela está fazendo com esta energia agora?", questiona.

A própria CPFL informa, em seu site, que entre seus clientes estão indústrias de química fina, de tecnologia de ponta, grandes siderúrgicas, metalúrgicas, indústrias automobilísticas, de papel e celulose e do agronegócio, que utilizam a eletricidade de forma intensa.

No Rio, a distribuidora Light, que atende a 31 municípios do Rio e Grande Rio, adotou a mesma medida já em dezembro. Em novembro, quando havia uma sinalização da escalada de preços no mercado livre, a direção da Light Esco, a comercializadora da empresa, encaminhou um aviso prévio aos clientes, no qual comunicava o fim dos descontos para a indústria a partir do mês seguinte.

"Não havia como manter aqueles contratos com os preços como estavam", justificou o presidente da Light, José Luiz Alquéres. "Teríamos que pagar uma fortuna por essa energia que seria repassada para os clientes."

As distribuidoras de São Paulo, Elektro, AES Eletropaulo e Energias do Brasil, afirmaram através de suas assessorias que a venda de energia está normal e se houver alteração será por determinação da agência reguladora. O mesmo informou a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Já a direção da Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee) informou, também através de sua assessoria, que deverá se pronunciar sobre o esse momento crítico na próxima semana.

Nesta sexta-feira, o setor aguarda com apreensão o anúncio do Preço de Liquidações de Diferenças (PLD) para a próxima semana. Segundo analistas, o valor poderá ficar em até R$580 MW/h.

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