Dunga saberá nesta quarta-feira, no Maracanã, o tamanho de seu prestígio com a torcida brasileira. O duelo com o Equador, às 21h45, pelas Eliminatórias Sul-Americanas, marcará sua estréia como comandante da seleção em território nacional. Depois de se indispor com jornalistas e alguns jogadores durante 1 ano e 2 meses na função de técnico da equipe, o treinador vai sentir como anda a relação com o torcedor. Vencer, hoje, não é suficiente. O público quer espetáculo. Os 71.900 ingressos foram vendidos e, após o empate sem graça com a Colômbia, deixar uma boa impressão virou obrigação.
Dunga dirigiu o time em 21 jogos (amistosos na maioria), todos longe do País, e levou a seleção à conquista da Copa América, na Venezuela. Ciente de que no Brasil, principalmente no Rio e em São Paulo, a alegria da arquibancada se transforma rapidamente em cobrança, em caso de apresentação fraca, o técnico tratou de pedir apoio aos cariocas e fazer elogios ao torcedor. "A conquista da Copa América não significa nada em relação a jogar do Maracanã. Aqui no Rio a torcida é diferente, faz festa, se fantasia, dá espetáculo", afirmou, tentando, claramente, ‘ganhar’ o público.
Sua teimosia é outro fator que pode prejudicar o trabalho. Na segunda-feira, na Gávea, alguns torcedores já cantaram, em coro, o nome de Obina. Demonstração clara da irritação com a falta de gols de Vágner Love e Afonso. Como bem disse Carlos Alberto Parreira na semana passada, falta um goleador à seleção. Vágner Love, por exemplo, não vem aprovando. Mas as opções, é verdade, não são muitas. Ronaldo recupera-se de contusão, Adriano vive má fase. Não há tantos nomes em destaque para o ataque.
O grupo, até Ronaldinho Gaúcho, preterido em algumas partidas, procura mostrar total apoio a Dunga. Pelo menos no discurso. Entre os atletas, há um temor para o confronto desta noite: as vaias. Na última vez em que a seleção esteve no Rio, há 7 anos, Cafu tocava na bola e era vaiado pela torcida.
Após o 0 a 0 com a Colômbia, todos prometem luta, correria e, se possível, show. "Nossa meta é a Copa e vamos conseguir. O torcedor pode ficar confiante", disse o lateral-esquerdo Gilberto. "A meta é ter um meio-campo chegando ao ataque, com força, para que possamos fazer grande apresentação e todos possam voltar para casa felizes", afirmou Ronaldinho.
Dunga garante estar pronto para eventuais cobranças. "Na seleção, isso é normal. Mesmo quando se ganha, tem critica. Precis amos estar preparados e tranqüilos, pois o caminho até a Copa é longo", comentou.