O democrata Barack Obama faz nesta terça-feira, diante de milhares de entusiastas, o juramento que o consagra como presidente dos Estados Unidos e o "herói" que vai tirar o país da grave recessão econômica direto para os bons tempos do "american way of life". Um fardo que Obama previa durante a campanha, mas que ainda assim pode ser o mais difícil teste à sua popularidade.
"Obama simboliza a salvação. Ele só está na Casa Branca porque a crise o colocou lá, os eleitores votaram nele para tirar os EUA da crise", avalia Donald Green, cientista político e diretor da Instituição para Estudos Sociais e Políticos, em Connecticut.
Os números não negam. As pesquisas de intenção de voto realizadas desde o estouro da crise financeira, em 15 de setembro passado, com a quebra do banco Lehman Brothers, apontavam não apenas o favoritismo democrata, mas a esperança dos americanos de que o novato senador por Illinois era o mais apto a tirar o país do buraco. Obama alimentava esta esperança repetindo incansavelmente que, sim, os americanos podiam acreditar na mudança e deixar no passado o legado do republicano George W. Bush.
No caminho, está um plano de US$ 850 bilhões essencial para retomar o crescimento econômico e perigosamente impopular em tempos de orçamento em déficit, altas taxas de desemprego e crise financeira.
"Ele não pode agradar a todos e nem se pode exigir de nenhum presidente que agrade a todos. A principal questão para Obama é definir se manterá a promessa de reduzir de impostos para boa parte da população", afirma Sheila Benhabib, professora de ciência política e filosofia da Universidade Yale. "Não vejo como ele efetivará seu pacote sem aumentar os impostos e, é claro, isso deixará muitos descontentes".
Para professora Benhabib, o desafio maior de Obama será se engajar nas promessas de maior investimento dentro dos EUA. "Ele terá que abandonar a estratégia neoliberal de foco no capital financeiro de Bush e trabalhar segundo a orientação social-democrata", afirma Benhabib, acrescentando que o governo republicano abandonou os investimentos em infraestrutura e serviços públicos em uma estratégia que abalou o país.
Já Green estima que a grande dúvida para os primeiros meses de Obama será o posicionamento dos democratas moderados e conservadores. "Não se sabe se eles se aliarão aos republicanos para reduzir as mudanças que Obama quer impor ou se vão se unir aos democratas para dar ao presidente seu período de lua-de-mel." (Folha Online)