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Internacional Quinta-feira, 29 de Maio de 2008, 10:56 - A | A

Quinta-feira, 29 de Maio de 2008, 10h:56 - A | A

Preços dos alimentos continuarão altos até 2017, alertam FAO e OCDE

Da Redação

Os preços mundiais dos alimentos cairão um pouco em relação aos níveis recordes atuais, mas seguirão elevados durante pelo menos uma década, prevêem a Organización da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) em um relatório sobre as perspectivas agrícolas mundiais no período 2008-2017.

"Uma vez que retrocedam de seus atuais níveis máximos, no entanto, os preços permanecerão em níveis médios maiores, a médio prazo, que na década passada", afirma o documento.

Quase 30 países da África, Ásia e Caribe registraram protestos nos últimos meses pelos altos preços dos alimentos. No Haiti a situação derrubou o primeiro-ministro.

"O preço dos produtos alimentícios de base deve cair em relação a seu preço atual muito elevado. Porém, permanecerá em um nível claramemte superior em relação à década anterior", resumiu o senegalês Jacques Diouf, diretor da FAO, ao apresentar o informe.

"O estudo foi preparado em um clima de crescente instabilidade dos mercados financeiros, uma inflação mais elevada dos preços dos alimentos, sinais de um debilitamento do crescimento econômico mundial e preocupações sobre a segurança alimentar", explicaram a FAO e a OCDE.

"Os preços para a próxima década também podem ser mais voláteis que no passado", advertiram.

"Para muitos países se trata de um grave problema para a segurança alimentar de sua população, sobretudo para os importadores de alimentos", disse Diouf.

O senegalês também expressou sua inquietação pela possibilidade do prosseguimento dos "distúrbios civil" provocados pela crise alimentar e pediu aos líderes do mundo, que se reunirão na próxima semana em Roma, para discutir o tema e enfrentar os desafios de maneira "efetiva e rápida", e não apenas a curto prazo.

"É tempo de agir", destacou Diouf.

"O fim da comida barata em um mundo onde metade da população vive com menos de dois dólares ao dia é uma fonte de grave preocupação", afirmou o mexicano Angel Gurría, secretário-geral da OCDE.

O documento culpa os biocombustíveis pela forte alta dos preços dos alimentos, assim como a maior demanda de países emergentes, como a China, mais investimentos e especulação nos mercados a futuro de matérias-primas alimentares e fatores climáticos como as secas na África.

"A demanda de biocombustíveis é a maior fonte de nova demanda em décadas e um forte fator subjacente na tendência de alta dos preços agrícolas", afirma.

"Com uma produção de biocombustíveis que deve quase dobrar nos próximos 10 anos, segundo as estimativas mais prudentes, a pressão exercida sobre a agricultura se intensificará", advertiu Diouf.

O relatório antecipa que os preços nominais da carne de porco e de vaca subirão 20% em 2008-2017 na comparação com 1998-2007; o açúcar branco e mascavo subirá 30%; o trigo, o milho e o leite desnatado em pó de 40% a 60%; a manteiga mais de 60% e os óleos vegetais mais de 80%.

"Os pobres, e sobretudo os pobres urbanos em países em desenvolvimento importadores de alimentos, sofrerão mais", opinam FAO e OCDE.

"Precisamos de mais ajuda humanitária para reduzir o impacto dos elevados preços nos países muito pobres", acrescenta o documento. (Fonte: AFP)
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