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Meio Ambiente Segunda-feira, 29 de Setembro de 2008, 15:45 - A | A

Segunda-feira, 29 de Setembro de 2008, 15h:45 - A | A

Pantanal custa 112 bilhões de dólares

Lucia Morel - Capital News (www.capitalnews.com.br)

O Pantanal custa 112 bilhões de dólares em valores reais e atualizados. O valor é bem maior que o prejuízo que a devastação local gera por ano, que é de 414 milhões de dólares. O cálculo que parece absurdo de ser feito, foi realizado pelo pesquisador da Embrapa Pantanal, em Corumbá, o oceanógrafo e economista gaúcho André Steffens Moraes, que segundo ele mesmo está "perdido no Pantanal desde 1989".

Steffens realizou os cálculos para sua tese de doutorado e detectou que apenas um hectare do bioma que a maior concentração de fauna das Américas vale entre 8,1 mil dólares e 17,5 mil dólares por ano. Para chegar a esses valores o pesquisador utilizou uma perspectiva de valor para os serviços ambientais prestados pela maior planície alagável fluvial do mundo, comparados com aquilo que é gerado pela pecuária, a mais rentável atividade econômica praticada na região.

Nela, Moraes inclui valores potenciais de coisas como madeira, produtos florestais não-madeireiros e ecoturismo. Mas também de coisas que não estão nem podem ser colocadas facilmente no mercado, como o valor da polinização feita por aves e insetos, o controle de erosão e, principalmente, a oferta e regulação de água -produtos e serviços que são perdidos quando a vegetação tomba. "Eu analisei quanto a sociedade perde quando se desmata", disse o pesquisador.

Com o estudo, Steffens descobriu que o ganho do produtor de gado pantaneiro não tem lucro, ou no mínimo, a rentabilidade é muito baixa. Conforme o pesquisador, se o governo der incentivos fiscais, o produtor pode reduzir o desmatamento, decorrente da necessidade de mais pastos.

Dados o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BGE), hoje há 5,3 milhões de cabeças no bioma. A partir dos anos 1970, um aumento na demanda por carne associado a uma inundação no rio Taquari que diminuiu a área de pasto natural fez os fazendeiros começarem a derrubar as matas nas chamadas cordilheiras, as áreas de floresta que ficam secas o ano todo.

Sem a dor-de-cabeça de precisar tirar o gado todo ano quando o pasto alaga, o que reduz o peso dos animais, quem cria gado nas cordilheiras ganha mais dinheiro, cerca de 28 dólares por hectare ao ano. Quem não os cria nesse espaço ganha cerca de 12,5 dólares.
Isso obviamente teve impacto direto sobre o bioma. Até 1991, apenas 545 mil hectares de mata nativa pantaneira haviam tombado. Em 2000 já era 1,2 milhão de hectares, ou 30% da área do Pantanal.

"O pecuarista não tem alternativa produtiva. O mercado o pressiona para desmatar e pôr pasto", diz Moraes. Quando ele faz isso, as ONGs e a sociedade criticam, mas eu como pecuarista faria a mesma coisa”, afirma o pesquisador.

A proposta do pesquisador é que a sociedade subsidie os produtores que ganham menos, pagando para que eles não desmatem. Uma forma de fazer isso seria dar crédito mais barato a pecuaristas que mantêm suas áreas sem derrubada. Outra seria cobrar dos hotéis pantaneiros uma taxa para financiar pecuaristas.

Para ter acesso à tese do pesquisador clique aqui. (Com informações da Folha Online)

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