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Meio Ambiente Domingo, 21 de Outubro de 2007, 09:06 - A | A

Domingo, 21 de Outubro de 2007, 09h:06 - A | A

Projeto pode salvar os córregos de Dourados

Douradosagora

Córrego Rego D´Água e outras dezenas que cortam o município estão perdendo volume de água
Sistema de baixo custo capta águas pluviais em via pública, reabastece lençol freático e córregos
"Cidade de Dourados cresceu sobre nascentes do rego d´água"

Um sistema simples, de baixo custo e execução rápida, proposto pelo arquiteto e urbanista Luiz Carlos Ribeiro, pode "salvar" os córregos de Dourados que, segundo ele, "correm o risco de sumirem". Trata-se de um projeto de poços de infiltração de águas pluviais que deverão ser implementados anexos às bocas-de-lobo.

A implantação do sistema requer estudos, levando em consideração a área de contribuição de águas de chuvas, declividade do terreno, profundidade do lençol freático, existência ou não de galerias e suas dimensões.
A proposta do vice-presidente da Salvar, Sociedade de Defesa Ambiental, foi apresentada pela primeira vez há cerca de quatro anos pelo jornal O PROGRESSO.

A capital de São Paulo adotou o sistema que vem sendo construído principalmente em alguns calçadões, diz o arquiteto Vito Comar, do Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Imad). Ele assegura: a idéia funciona e também sugere que as cidades tentem eliminar o concreto, adotando pavimentação com maior absorção, em áreas de menor fluxo.

Ribeiro, que já foi secretário municipal de Planejamento e dirigiu trabalhos do Plano Diretor de Dourados, além de outros como o Aterro Sanitário e parques lineares, explica no croqui em anexo como funciona o chamado "poço seco". As estruturas pré-fabricadas de concreto armado furado e assentadas umas sobre as outras, ficam sob as calçadas em pontos estratégicos, interligadas às bocas-de-lobo das galerias de águas pluviais, com tampas para limpeza periódica.

O poço seco recebe as primeiras águas das chuvas. O volume acaba sendo infiltrado no solo através dos furos nos tubos de concreto, deixando livres as galerias do escoamento dessas águas.
Além de aliviar as galerias de águas pluviais, contribui na limpeza, pois como o sistema recebe as primeiras águas das chuvas, toda a sujeira carreada é retida, evitando o entupimento da rede.

"Mas, a principal tarefa dos poços secos seria a recarga do lençol freático que alimenta os córregos e, neste caso em especial, os que estão na zona urbana, em função da impermeabilização do solo pelas construções, calçadas e pavimentação das ruas. Eles correm o risco de desaparecerem já que não haverá suficiente infiltração de água de chuva no solo", alerta.

Ele diz que o sistema também é adequado para regiões onde há pavimentação, guias e sarjetas, mas não há galeria de águas pluviais, porque contribui para retirar as águas que correm superficialmente infiltrando no sub-solo. Pode ainda ser implementado em grandes construções com áreas impermeabilizadas.

 O urbanista afirma que em todo município há em torno de 150 córregos. Nove deles estão na região urbana: o Laranja Doce, Rego D´Água, Paragem, Chico Viegas, Córrego da Lagôa e Engano; além do Jaguapiru (divisa com a aldeia), Curral de Arame e o Laranja Hay (região da penitenciária –PHAC). "A existência futura dos córregos urbanos só será possível se dotarmos a cidade de meios de recarga do lençol freático", alerta.

O mentor do projeto dos poços secos, que também propõe a implantação de Parques Ambientais Lineares ao longo dos córregos, afirma que, dado o processo de ocupação do solo urbano, estes poderão se tornar parques sem córregos, os "parques secos". "Dourados foi construída sobre nascentes do Rego D´Água. Várias delas estão bem no centro. Uma, inclusive, está embaixo do antigo Banco Mercantil, em frente a praça; outro, sob um centro empresarial", finaliza.

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