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Nacional Sexta-feira, 26 de Outubro de 2007, 14:22 - A | A

Sexta-feira, 26 de Outubro de 2007, 14h:22 - A | A

Anvisa descarta risco iminente do leite para o consumidor

Estadão

A diretora da área de alimentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Maria Cecília Brito, tentou tranqüilizar os consumidores em relação ao consumo de leite. Nesta semana, a Polícia Federal desmantelou uma quadrilha que agia em Minas Gerais e que misturava substâncias químicas de forma irregular ao leite longa vida. "Não há risco iminente. No mínimo, há um problema para o consumidor", disse a diretora.

Segundo ela, os laudos laboratoriais mostraram que lotes de leite tipo longa vida comercializados pelas empresas Parmalat, Calu e Centenário continham teor de gordura diferentes dos informados nos rótulos. Uma outra desconformidade em relação aos padrões de identidade e qualidade definidos pelo Ministério da Agricultura é o nível de acidez e alcalinidade do produto. Este último item pode significar, segundo ela, a mistura de produtos químicos no leite.

A Anvisa divulgou uma lista dos lotes interditados. Os estoques de leite, cujos lotes foram interditados, não poderão ser comercializados, comentou a diretora ao lembrar que a Anvisa é responsável por fiscalizar o produto final comercializado e que os outros segmentos, ou seja, a produção é de responsabilidade do ministério da Agricultura. Ela afirmou que a interdição é cautelar e lembrou que a soda cáustica é um produto usado na limpeza dos equipamentos.

Laudos oficiais

A diretora afirmou que os resultados dos testes que indicarão a existência da mistura de soda cáustica ou água oxigenada no leite deverão sair em quinze dias e não em uma semana, como foi informado na quinta-feira em Belo Horizonte.

Maria Cecília disse que se os testes comprovarem que houve irregularidades, a Anvisa poderá adotar os seguintes procedimentos: interdição do produto e do estabelecimento; e multas que podem chegar a R$ 1,5 milhão. Estas punições poderão ser aplicadas às empresas que vendem o produto e não aos produtores e cooperativas. Ela lembrou ainda que as empresas que estão sendo investigadas poderão recorrer da decisão e que o processo todo pode levar de 45 a 90 dias para ser concluído.

A diretora da Anvisa disse ainda que as pessoas que têm leite longa vida destas marcas em casa não devem consumir o produto. Para aquelas pessoas que consumiram leite dos lotes identificados, a Anvisa recomenda atenção a qualquer sintoma inesperado, entre eles pequenas intoxicações, náuseas e vômitos.

Recolhimento dos produtos

As unidades da vigilância sanitária nos municípios começarão a recolher hoje produto oriundo destes lotes interditados. A diretora disse que a Anvisa terá condições de identificar o destino dos lotes. Ela negou que houve falha na vigilância sanitária. "Não é nossa competência fiscalizar a produção. Nós cuidamos dos mercados", afirmou.

Ela evitou, no entanto, apontar o ministério da Agricultura como responsável pela fraude e também discordou do questionamento de que há demora na comunicação por parte da Agricultura. "Acredito que eles estão procurando informações mais seguras", disse.

A diretora acrescentou que a Anvisa não foi convidada pelo ministério da Agricultura para participar das fiscalizações que serão feitas a partir da próxima semana. Para combater o processo irregular da produção de leite, o ministério prometeu para a próxima semana o início de uma "operação pente-fino" nas empresas do setor. A Agricultura não divulgou até o momento mais detalhes sobre esta operação.

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