Alan Santos/PR
Após declarar que Flávio deverá pagar o preço se suspeitas se confirmarem, Bolsonaro diz, no mesmo dia, que acredita na que investigações contra o filho tem como objetivo atingir o seu governo
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) aparentemente mudou de ideia quanto à inocência do filho, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL/RJ), que é investigado por movimentações financeiras atípicas nas contas de seu ex-assessor e motorista Fabrício Queiroz.
Em entrevista à TV Record em Davos (Suíça), onde participa do Fórum Econômico Mundial, nesta quarta-feira (23), o presidente disse que acredita no filho, e que “usam garoto para tentar me atingir”. Mais cedo, no entanto, Bolsonaro disse à Bloomberg TV que, se ficar provado que Flávio cometeu algo ilícito, ele terá que pagar o preço.
O presidente afirmou ainda à Record que as acusações contra Flávio são “infundadas” e que houve quebra de sigilo bancário do senador eleito pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), o que Bolsonaro classificou como “arbitrariedade”.
No entanto, de acordo com norma do Conselho Nacional do Ministério Público, a solicitação de informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) não configura quebra de sigilo.
“Nós não estamos acima da lei, como qualquer outro estamos abaixo da lei. Agora que cumpra a lei, não faça de maneira diferente para conosco. Não é justo atingir o garoto para tentar me atingir”, repetiu.
Por fim, o presidente saudou o filho: “Para o meu filho aquele abraço, fé em Deus, que tudo será esclarecido com toda certeza”.
Caso
Flávio é citado no procedimento aberto do Ministério Público do Rio contra ex-assessor Fabrício Queiroz, que é investigado por movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Além disso, as informações do Coaf revelam que ele recebeu pagamento em sua conta de ao menos oito funcionários do gabinete de Flávio.
O órgão de inteligência considerou ainda suspeitos 48 depósitos feitos em dinheiro na conta do senador. Os depósitos, sempre no valor de R$ 2.000, totalizando R$ 96.000, eram feitos de dentro da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Em algumas oportunidades, cerca de 10 depósitos eram feitos em até 5 minutos