A justiça de Amparo, a 133 km de São Paulo, decretou na tarde deste sábado (23) a suspensão dos shows deste fim de semana no município de Jaguariúna, cidade vizinha, onde quatro pessoas morreram e 11 ficaram feridas após um tumulto na festa do peão. A organização do evento atribuiu as mortes a um ‘acidente’.
A assessoria de imprensa do rodeio foi procurada para comentar a decisão da Justiça e informou que, até as 16h, não tinha conseguido entrar em contato com a empresa que promove a festa. A suspensão do evento foi decretada pelo juiz de plantão Fabrício Reali Zia, que está no Fórum de Amparo. Ele atendeu a um pedido do Ministério Público de Águas de Lindoia. Para este sábado, estava prevista a apresentação da dupla Victor e Leo. No domingo (24), o cantor Roberto Carlos subiria ao palco.
Em sua decisão, à qual o G1 teve acesso, o juiz alega "a falta de infraestrutura para a realização do evento". Diz que a morte das pessoas "revela o óbvio: não há, nesse exato momento, segurança para que o evento continue". Por fim, Zia pede urgência à Polícia Militar para que coloque policiais na entrada do parque a fim de impedir a realização da festa.
As quatro pessoas morreram e as outras 11 ficaram feridas depois que os portões se abriram para a apresentação da dupla João Bosco e Vinícius. Segundo a assessoria de imprensa do evento, mesmo com o acidente, o show foi realizado.
Policiamento
Durante entrevista coletiva no início da tarde deste sábado, o advogado Ricardo Belém, que representa a empresa organizadora do rodeio, afirmou que, como faz há 20 anos, a empresa pediu o policiamento nas áreas interna e externa do evento. Mas, de acordo com ele, neste ano o comando da PM em Jaguariúna se declarou impedido de fazer o policiamento dentro do parque. O advogado afirmou ainda que havia 350 seguranças e cerca de 80 a 100 guardas patrimoniais na área de shows.
“Como em todos os anos, eu faço um ofício requerendo policiamento interno e externo. Neste ano, por determinação do comandante, fomos informados através de ofício que só fariam o policiamento externo. O pagamento da despesa está sendo feito a despeito do policiamento [apenas externo]”, disse Belém.
Procurada, a Polícia Militar do estado afirmou que, em todo evento particular, a responsabilidade da segurança interna é dos organizadores. O policiamento da área externa é que fica a cargo da PM, o que foi cumprido no evento de Jaguariúna.
O advogado também disse que não houve excesso de público. Segundo ele, a organização tem alvará para receber 30 mil pessoas e, na noite do acidente, havia 27.244 espectadores no local. Para a noite deste sábado, há 28 mil ingressos vendidos.
Durante a coletiva, antes de sair a decisão do juiz Fabrício Zia, os organizadores do rodeio haviam afirmado que, se houvesse cancelamento da festa, o dinheiro dos ingressos seria devolvido ao público pagante.
Empurra-empurra
As quatro pessoas que morreram foram pisoteadas. Elas foram atendidas, segundo a organização, por uma equipe de 23 profissionais, entre médicos e enfermeiros, que trabalham no evento. As vítimas chegaram a ser levadas para o hospital, mas morreram.
Os corpos estavam no Hospital Municipal Walter Ferrari e deveriam ser levados para o Instituto Médico-Legal (IML) de um município vizinho. Os feridos também foram encaminhados para o hospital da cidade. De acordo com a organização do evento, nesta sexta, foram vendidos 26 mil ingressos para a festa. O rodeio ocorre na beira da SP-340, que liga os municípios de Campinas e Moji-Mirim. (Portal G1)