Roberto Stuckert Filho/Presidência da República

Michel Temer, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia de posse da petista em janeiro de 2011
O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou na quarta-feira (20) a inclusão de trechos do acordo de colaboração premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) que citam a presidente da República, Dilma Rousseff (PT); o vice Michel Temer (PMDB) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no inquérito da operação Lava Jato, que investiga um suposto esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Também foram incluídos trechos que mencionam Joel Rennó, ex-executivo da estatal Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A decisão foi do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Porém, isso não significa que os quatro serão investigados no tribunal.
Dilma
Entre as acusações, o senador apontou que a presidente Dilma sabia que havia um esquema de superfaturamento por trás da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Na época, Dilma era presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
Ainda conforme Delcídio, Dilma nomeou o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Marcelo Navarro Ribeiro Dantas com interesse em barrar as investigações da Lava Jato.
Temer
Delcídio apontou na delação que o vice-presidente da República, Michel Temer, apoiou a indicação de dois ex-diretores da Petrobras que foram condenados na Lava Jato. Conforme o senador, Temer era “padrinho” de João Augusto Henriques, ex-diretor da BR Distribuidora, subsidiária da estatal, e de Jorge Zelada, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras.
Henriques foi o principal operador de “um dos maiores escândalos envolvendo a BR Distribuidora”, segundo Delcídio, envolvendo uma suposta aquisição ilícita de etanol, entre 1997 e 2000, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Lula
Quanto a Lula, o parlamentar apontou que o ex-presidente tentou interferir para evitar que o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró assinasse acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. No dia 8 de abril, Lula prestou depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) e negou as acusações.
Petrobras
Delcídio denunciou que o esquema de corrupção na Petrobras já ocorria nos governos de Itamar Franco (PRN, 1992-1994) e Fernando Henrique Cardoso, antes mesmo do PT chegar ao Palácio do Planalto.
Na época em que Joel Rennó era presidente da Petrobras (1992-1999), houve “casos de ilicitudes”, em alguns casos para “enriquecimento pessoal” como também para “financiamento de campanhas políticas”. O senador disse em depoimento que Joel Rennó, à época, “gozava de apoio político que nenhum presidente da companhia teve ao longo da sua história”.
Respostas
Dilma já havia declarado que “jamais” ter falado com Delcídio sobre a Lava Jato e negou ter tentado negociar “de forma imoral” a nomeação dos ministros, com o objetivo de conseguir a libertação de investigados que na época estavam presos preventivamente.
Sobre Pasadena, a presidente também disse que os esclarecimentos sobre a compra da Refinaria de Pasadena pela Petrobras, em 2014, já foram devidamente prestados, embasados em documentação do Conselho de Administração da Petrobras, e que Janot determinou o arquivamento da investigação.
Temer negou anteriormente que teria feito a indicação pessoalmente e que conhecesse Henriques à época. Segundo ele, a apresentação do nome de Henriques foi feita pela bancada do PMDB de Minas Gerais na Câmara.
Em nota, o Instituto Lula informou no dia 3 de março que o ex-presidente “jamais participou, direta ou indiretamente, de qualquer ilegalidade, seja nos fatos investigados pela operação Lava Jato, ou em qualquer outro, antes, durante ou depois de seu governo”.
A defesa de Joel Rennó não foi localizada.
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*Com informações da Agência Brasil