O volume de chuvas no último verão, que terminou na última quinta-feira (20), não foi suficiente para repor o estoque de água no solo, provocando escassez que prejudica a produção agrícola. A constatação é do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), órgão ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária.
“Os volumes apresentados não foram suficientes para recuperar o estoque hídrico do solo, maltratado pelas últimas secas e incêndios florestais que têm atingindo com mais frequência os biomas Amazônia, Cerrado e o Pantanal nos últimos dois anos”, afirma o Inmet, acrescentando que partes do país, como Amazonas, sudoeste do Pará, e áreas do Maranhão e do Piauí tiveram estação bastante chuvosa.
Entre dezembro de 2024 e fevereiro deste ano, o déficit de chuva em relação à média foi de 200 milímetros (mm) na porção mais ao norte do Pantanal, norte do Mato Grosso, Rondônia, parte leste do Acre e o sudoeste do Pará. Essa quantidade equivale a 200 litros de água de chuva caindo em cada metro quadrado de solo.
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Ruim para a agricultura
O resultado dessa escassez hídrica neste último trimestre foi a perda de folhas nas áreas com florestas no oeste do Pará, leste do Amazonas, Rondônia e o Pantanal mato-grossense. Além disso, foi verificado pelo Inmet queda na produtividade de grãos devido à baixa umidade do solo.
O Inmet destaca que o déficit hídrico acontece justamente no período de semeadura, contribuindo para perdas de diversas culturas agrícolas.
A agrometeorologista do Inmet Lucietta Martorano aponta que os efeitos do regime de chuvas serão diversos no país.
“Grande parte do oeste da Amazônia vai ter oferta de água no solo, o que pode favorecer as culturas agrícolas, mas o Pantanal e praticamente todo o Brasil Central, mais o estado de Minas Gerais e as porções oeste de São Paulo até o Rio Grande do Sul, estão com oferta de chuva limitada, deixando o solo mais seco e trazendo prejuízos à recuperação hídrica”.
A produção agrícola é um dos fatores que mexem diretamente com a economia do país, uma vez que menos produtos à disposição se refletem em aumento de preços dos alimentos.
A inflação dos alimentos tem sido atualmente uma das preocupações centrais do governo. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), conhecido como prévia da inflação, ficou em 0,64% em março. O dado divulgado nesta quinta-feira (27) revela que os alimentos foram o componente que mais pressionaou o índice. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou no começo do mês acreditar que os preços dos itens alimentícios devem recuar em 2025, devido, principalmente, pela supersafra prevista para este ano.
Sexto verão mais quente
O verão 2024/2025 foi o sexto mais quente no país desde 1961. A temperatura média ficou em 25,81 graus Celsius (ºC), o que representa 0,34°C acima da média histórica do período entre 1991 e 2020 (25,47°C).
O recorde pertence ao verão 2023/2024, com temperatura média de 26,20°C.
Disponível em: agenciabrasil.ebc.com.br