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Opinião Segunda-feira, 27 de Abril de 2020, 19:15 - A | A

Segunda-feira, 27 de Abril de 2020, 19h:15 - A | A

Opinião

Como se reimaginar no caos?

Por Ana Luisa Winckler*

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Alguém me diga se só eu estou sentindoque vivemos 5 anos em 1 mês? Mesmo acompanhando pelos jornais os impactos do novo coronavírus em outros países desde novembro de 2019, ando me sentindo como se estivéssemos em um universo paralelo, como em um capítulo surreal de alguma série do Netflix, frente a essa pandemia.

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Ana Luisa Winckler - Artigo

Ana Luisa Winckler

 

Como tudo mudou tão rápido? Que mistura de sentimentos é essa, minha gente? De manhã, acordo, tomo banho animada, parto para o café da manhã cheia de dúvidas. Antes do almoço, mais animada, como de novo e algumas ansiedades me acompanham. Tomo o café da tarde já com esperança, janto com certos medos e acordo de madrugada para atacar a geladeira, acompanhada pela solidão!

Afinal, mexeram com nossa rotina, mexeram em nossas promessas e metas de ano-novo, incluindo beber mais água, encontrar um novo hobby, ir mais à academia, beber menos, passar mais tempo com a família... Nossos tradicionais almoços de domingo, nossas quartas de futebol e nossas quintas no bar... "Gzuis"!

Agora não posso nem mais odiar as segundas-feiras (porque vivo me perdendo na semana). E, claro, isso contraria tudo, porque só "eu" deveria ter o poder de quebrar, postergar ou barganhar meus compromissos. Essa certeza sempre nos deixou mais seguros.

Hábitos e valores também mudam

Nós nos encontramos frente a um cenário no qual precisamos achar soluções viáveis, capazes de manter nossas atividades produtivas ao mesmo tempo que mantemos a segurança, a integridade e o bem-estar de nossos colaboradores, parceiros e clientes. Medidas de prevenção ao contágio encabeçam as estratégias de ação. Garantir a saúde dos funcionários é primordial, já que pessoas devem ser a prioridade, sempre. Mas vamos além do álcool em gel, máscaras, aferição de temperatura, testes, home office e distanciamento social.

Crescemos durantes os anos porque, assim como outras grandes empresas, dominamos nosso mercado em conhecimento, qualidade de nossos produtos e profissionalismo. Então, não será pela falta do domínio técnico e produtivo que não conseguiremos ter êxito neste momento. A armadilha será não acompanharmos as mudanças e transformações comportamentais de nossos colaboradores, parceiros, fornecedores e consumidores. E, se neste momento, os líderes estiverem mais focados no processo produtivo, no faturamento e nas vendas, ações que sempre dominaram, sem entender esses novos hábitos, comportamentos e valores, as engrenagens, aos poucos, vão se desajustar.

Para mantermos as pessoas com saúde e seguras, em termos físicos, mentais e financeiros, precisamos garantir uma comunicação clara, uma preocupação legítima com todos os nossos colaboradores e repensarmos nosso modelo de negócio.

O mundo que deixamos há um mês, certamente não será o mundo que vamos encontrar quando retomarmos 100% de nossas atividades.

A única certeza é a de que este novo momento exigirá que retomemos o protagonismo, e o papel do líder será fundamental para encontrar os pontos de equilíbrio e colaboração. Será preciso muita resiliência, interesse legítimo pelo outro e criatividade para nos reinventarmos, já que os negócios estão em transformação e precisamos correr para continuarmos competitivos.

Proximidade e conexão nunca foram tão importantes

Nós nos mantermos conectados aos nossos times será o guia para nossas medidas e nos farão mais ágeis para encontrarmos novas e efetivas soluções,para, assim, garantir a produtividade e o engajamento de todos. O gestor, neste momento, precisa entender a equipe que lidera e quais são seus potenciais e diferenciais. Dialogar é fundamental, ouvir a contribuição de todos e construir coletivamente soluções e ideias.

Desempenhar um papel que transmita segurança é primordial, mas não se pode fazer isso com perspectivas excessivamente otimistas ou desproporcionalmente alarmistas. É necessário ter a maturidade necessária para ser honesto com seus colaboradores, valorizando suas capacidades e, ao mesmo tempo, apresentar medidas de contenção de riscos e preservação de sua integridade.

Neste cenário de inúmeros desafios, muitas incertezas e poucas respostas, cabe ao líder ser mais bússola do que cronômetro.

O que temos de fazer é trabalhar juntos para superar as adversidades, nos apoiando mutuamente e oferecendo nosso melhor naquilo que fazemos. Cabe ao líder, em seu papel, ser aquele cuja missão é garantir que seu time nunca se esqueça disso!

 

 

*Ana Luisa Winckler

Head de Recursos Humanos da Wavin no Brasil, graduada em Psicologia com MBA em Gestão de Pessoas pela FGV e especialização em Influência Digital pela PUC-RS, atua há 20 anos em gestão de pessoas e recursos humanos, com experiência em grandes empresas nacionais e multinacionais.

 

 

 

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