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Opinião Domingo, 13 de Abril de 2025, 13:25 - A | A

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Opinião

A Sociedade do Autoengano

Por Wanderson R. Monteiro*

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Atualmente, vivemos em tempos de profundas contradições. Podemos ver que nossa sociedade busca e exalta o progresso, mas teme os novos conhecimentos que esse progresso nos traz, ou poderá nos trazer. Buscamos avanços científicos e tecnológicos mas, ao mesmo tempo, rejeitamos suas consequências quando elas não nos agradam. E, como já disse em alguns artigos, criamos meios de comunicação que nos permitem falar com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, mas nos afastamos daqueles que estão dentro de nossas próprias casas.

Diante de tudo isso, a pergunta que nos vem à mente é: o que nos levou a esse estado? A resposta talvez esteja na nossa mentalidade corrupta e na busca incessante por uma falsa imagem de prosperidade. Nossos governantes vendem a ideia de um país emergente, um lugar de crescimento e oportunidades, enquanto a realidade grita o contrário. A burocracia estatal trava toda e qualquer ação que possa levar ao desenvolvimento de nosso país, e a corrupção faz sumir os recursos que poderiam transformar vidas. O Brasil poderia ser uma grande potência, mas se mantém estagnado por causa da corrupção e do egoísmo que rege a sociedade.

Quando olhamos para a nossa realidade, percebemos que, no lugar de encarar os problemas de frente, nossa sociedade, e principalmente nossos governantes, optam por fingir que eles não existem. As oportunidades são raras, mas o que se promove é a ilusão de que todos podem prosperar se "se esforçarem o suficiente". Criamos uma falsa meritocracia que ignora a realidade de milhões de pessoas que vivem sem acesso a cultura e a uma boa educação, ou, pelo menos, ao básico para uma sobrevivência digna. Pessoas que, infelizmente, estão condenadas a repetir o ciclo da pobreza.
Enquanto insistirmos em manter essa autoenganação coletiva, não haverá mudança real. O primeiro passo para um futuro diferente é reconhecer a verdade sobre nossa sociedade e agir para transformá-la.

Mas, infelizmente, essa recusa em enfrentar a verdade não é apenas uma falha dos governantes, mas um reflexo de nossa própria cumplicidade. Quantas vezes nós preferimos fechar os olhos para as injustiças que nos cercam, desde que elas não nos atinjam diretamente? Vivemos em uma sociedade que se acostumou a transferir a culpa, apontando o dedo para o outro enquanto ignoramos nossa responsabilidade no caos que nós cerca. Essa mentalidade, vinda do egoísmo e da indiferença, faz prosperar e perpetuar a corrupção, que corrói os alicerces de uma nação que poderia ser muito mais do que ela é.

Além das inúmeras crises causadas por essa autoenganação coletiva, existe uma crise muito mais profunda: uma crise de valores que sustenta essa autoenganação. Abandonamos os princípios de integridade, da justiça e da solidariedade em troca de uma busca desenfreada por conforto e status. A tecnologia, que poderia ser uma ferramenta de união e conhecimento, na grande maioria dos casos, infelizmente, se tornou um espelho da nossa superficialidade, perpetuando narrativas que nos mantêm presos às sombras de uma caverna moderna. Sem uma base moral sólida, continuaremos a construir castelos de areia, que correm o risco de ruirem diante da primeira onda de realidade.

Diante de tudo isso, devemos nos questionar: até quando sustentaremos essa farsa? A história nos ensina que sociedades que se recusam a olhar para si mesmas com honestidade caminham cegamente em direção a ruína. Precisamos romper com o comodismo, de abandonar as falsas promessas e de lutar por uma transformação real que tem seu início em cada um de nós. Somente assim poderemos deixar de ser uma sociedade que se autoengana e passar a ser uma que se reconstrói.

Que este seja o nosso desafio para o futuro: abandonar as máscaras da ilusão e abraçar a verdade, por mais dura que ela seja. Que possamos, com determinação e esperança, erguer uma sociedade onde o progresso não seja apenas uma palavra vazia, mas um reflexo de justiça, educação e dignidade para todos. O caminho é longo e árduo, mas é na ação consciente que encontraremos a força para superar o autoengano e construir um Brasil melhor para todos nós. 


*Wanderson R. Monteiro
Autor dos livros “Cosmovisão em Crise: A Importância do Conhecimento Teológico e Filosófico Para o Líder Cristão na Pós-Modernidade”, “Crônicas de Uma Sociedade em Crise”, “Atormentai os Meus Filhos”, e da série “Meditações de Um Lavrador”, composta por 7 livros.
Dr. Honoris Causa em Literatura e Dr. Honoris Causa em Jornalismo.
Bacharel em Teologia, graduando em Pedagogia.
Acadêmico correspondente da FEBACLA. Acadêmico fundador da AHBLA. Acadêmico imortal da AINTE.
Autor de 10 livros.
Vencedor de 4 prêmios literários. Coautor de 15 livros e 4 revistas.
(São Sebastião do Anta – MG)

 

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