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Opinião Domingo, 10 de Novembro de 2024, 10:53 - A | A

Domingo, 10 de Novembro de 2024, 10h:53 - A | A

Opinião

Pais sem voz, filhos sem limites!

Por Wilson Aquino*

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Nos dias de hoje, temos visto um fenômeno preocupante: muitos pais tendo dificuldade em educar seus filhos de maneira adequada, falhando em guiá-los pelo caminho da retidão, longe da rebeldia e dos maus costumes. Em meio aos desafios de criar cidadãos honrados, trabalhadores e éticos, muitos acabam desistindo dessa tarefa crucial, que deveria ser o maior legado a ser deixado às futuras gerações. A educação familiar, outrora um pilar sólido na formação do caráter do indivíduo, parece estar em crise.

Filhos precisam de pais presentes, firmes e sábios. A voz ativa e o exemplo diário são fundamentais para a construção do caráter e dos valores morais. Entretanto, essa presença e disciplina têm se tornado raras em muitas famílias. Comparada a gerações passadas, a geração atual de pais demonstra um enfraquecimento no exercício da autoridade, muitas vezes confundindo amor com permissividade. Como resultado, vemos jovens e adolescentes cada vez mais desrespeitosos e despreparados, sem princípios que os fortaleçam moral e espiritualmente para seguir a vida.

A situação se agrava quando observamos dados alarmantes como do IBGE: Cerca de 12,3% dos adolescentes entre 15 e 19 anos não estudam nem trabalham, um reflexo direto de famílias sem estrutura para impor disciplina e responsabilidade. Outro dado relevante é a pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD), que aponta que 17,5% das crianças e adolescentes brasileiros abandonam a escola antes de completar o ensino médio, o que indica um cenário de desmotivação e falta de orientação familiar.

O desrespeito à autoridade começa cedo e se intensifica com o tempo. Crianças que, desde pequenas, são atendidas em suas vontades sem limites, tornam-se jovens que não aceitam um “não” como resposta. Quando chegam à adolescência, essa atitude se transforma em comportamentos de risco, como o uso de drogas, consumo excessivo de álcool e desobediência às regras mais básicas de convivência. Para muitos pais, a luta para impor limites torna-se cada vez mais difícil, resultando em um quadro de submissão à vontade dos filhos.

A banalização das relações familiares também contribui para essa crise. Adolescentes que gritam, ofendem e até mesmo ameaçam fisicamente seus pais não são mais exceções. O respeito, que deveria ser a base das interações dentro do lar, é substituído por um clima de tensão e medo. Pais acabam recuando, inseguros e sem saber como retomar a autoridade perdida. A violência verbal e o desprezo pelos limites impostos revelam um grave problema na formação da geração atual, que já não reconhece o valor da autoridade e da orientação.

Além disso, a iniciação sexual precoce, muitas vezes associada à falta de orientação e supervisão parental, é outro reflexo da ausência de limites. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 50% dos adolescentes brasileiros já tiveram relações sexuais antes dos 16 anos, muitas vezes sem as devidas precauções, o que leva a consequências como gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis. Essa situação é fruto de uma sociedade onde valores como a responsabilidade e o respeito são cada vez mais negligenciados.

A criação de filhos exige um equilíbrio entre amor e disciplina, entre carinho e firmeza. As crianças precisam aprender desde cedo que nem tudo o que desejam lhes será concedido. A frustração, embora dolorosa, é essencial para o amadurecimento e a construção de um caráter forte e resiliente. A imposição de limites é uma prova de amor e, ao contrário do que muitos acreditam, é fundamental para preparar os jovens para os desafios da vida adulta.

Apenas uma minoria de jovens consegue manter a harmonia familiar e seguir o caminho, cultivando princípios morais e espirituais, graças a pais conscientes e perseverantes na educação e formação de seus filhos. Esses jovens reconhecem a importância de uma vida regrada e disciplinada. Melhor ainda aqueles que vivem em comunhão com Deus, o que, segundo estudos, está associado a uma melhor saúde mental, relações mais saudáveis e uma visão de vida mais positiva. Esses jovens são exceções em uma sociedade cada vez mais marcada por comportamentos de risco e desrespeito à autoridade. Como nos ensina a Palavra, em Provérbios 22:6: “Educa a criança no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.”

Então, a pergunta que fica é: qual é o legado que estamos deixando para nossa próxima geração? Pais precisam reassumir o papel de orientadores e guias na vida de seus filhos, proporcionando não apenas amor, mas também a firmeza necessária para formar adultos conscientes, responsáveis e preparados para os desafios do mundo moderno.


*Wilson Aquino
Jornalista e Professor

 

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