Depois de episódios de violências contra indígenas em Mato Grosso do Sul, comitiva da Força Nacional chega no estado com o objetivo de preservar a ordem e a integridade nas aldeias. Os agentes chegaram na noite de terça-feira (16) e na manhã de quart-feira (17) visitaram o município de Caarapó, localizado a 286 quilômetros de Campo Grande. A previsão é que outros agentes cheguem no Estado para reforçar a segurança nesta quinta-feira (18).
O advogado especialista em direito agrário Anderson Santos, que faz parte da assessoria jurídica do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) acompanha a visita. Ele conversou com o Capital News pelo telefone e disse que o Cimi esteve nesta tarde numa área conhecida como Panambi (GuyraKambi’y) – Lagoa Rica, em Douradina. No local, condutores de uma camionete efetuaram disparos quando eram filmados por indígenas, ninguém ficou ferido.
A tropa federativa chega ao Estado para oferecer apoio as ações da Polícia Federal (PF) e em articulação com os órgãos de segurança pública do estado pelo prazo de 90 dias. A autorização foi publicada no Diário oficial da União desta quarta-feira (17).
A medida foi tomada em meio a um quadro de escalada da violência fundiária no estado. Essa situação, motivou a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e a Defensoria Pública da União (DPU) a solicitar a presença da Força Nacional de Segurança Pública na área.
Conflitos indígenas
No último domingo, um indígena da etnia guarani-kaiowá foi baleado na perna durante a ocupação de uma área conhecida como Panambi (GuyraKambi’y) – Lagoa Rica, em Douradina. O fato aconteceu durante um confronto com produtores rurais.
Desde o fim de junho, grupos indígenas intensificaram a ocupação de locais que classificam como terras originariamente pertencentes a seus povos. Em resposta, alguns produtores rurais que afirmam ser os donos legais das terras, atacaram os indígenas.
A decisão indígena de “retomar” parte dos territórios se dá após longos anos de espera pela homologação e regularização do território ancestral. A informação foi passada e divulgada em nota pela assembleia Aty Guasu, principal organização política e social das etnias guarani e kaiowá.
De acordo com a Agência Brasil, nas últimas semanas, também foram registrados conflitos semelhantes no Paraná e no Rio Grande do Sul. Nesta segunda-feira (15), o Ministério da Justiça e Segurança Pública já tinha autorizado o envio da Força Nacional para o estado gaúcho, onde os agentes da tropa federativa atuarão em quatro áreas da União destinadas ao usufruto exclusivo indígena. (Matéria atualizada às 19h23 para acréscimo de informação)