Mato Grosso do Sul já contabiliza sete feminicídios entre janeiro e abril de 2024. Apesar de os dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) apontarem uma sequência de 19 dias sem feminicídios, a escalada da violência contra a mulher continua alarmante, com quatro ataques com faca registrados apenas nos primeiros 10 dias de abril.
Entre janeiro e março, uma mulher foi assassinada a cada sete dias no estado. Agora, os casos de tentativa de feminicídio — quase sempre cometidos por ex-companheiros — acendem um novo alerta sobre a urgência de políticas mais eficazes de proteção.
Casos chocantes em abril:
5 de abril – Campo Grande: Mulher de 40 anos foi esfaqueada seis vezes pelo ex-namorado, inclusive nas partes íntimas, na frente da neta. O agressor foi preso, mas já está em liberdade monitorada com tornozeleira eletrônica.
14 de abril – São Gabriel do Oeste: Professora sofreu seis facadas, na frente do filho de 9 anos. O ex-namorado, que possui várias passagens criminais, está foragido. A vítima teve o pulmão e o útero perfurados e foi transferida em estado grave para a Santa Casa de Campo Grande.
14 de abril – Itaquiraí: Uma mulher de 34 anos foi atacada com facão pelo ex-marido, quando esperava o ônibus de madrugada para ir ao trabalho. O agressor estava escondido e desferiu golpes no pescoço, mãos e braços.
16 de abril – Coxim: Uma jovem de 20 anos, que já tinha medida protetiva, foi surpreendida dentro do banheiro da casa onde morava com o ex. Ela foi esfaqueada pelo menos cinco vezes e conseguiu fugir até um bar para pedir ajuda. Foi atingida na perna, joelho, braço, virilha e abdômen.
Esses ataques refletem a persistência da violência de gênero, muitas vezes mesmo após medidas judiciais de proteção. As circunstâncias — como crimes cometidos diante de crianças ou em momentos de vulnerabilidade extrema — demonstram a necessidade de ações mais rigorosas e integradas entre segurança pública, justiça e assistência social.
Alerta e prevenção
A Sejusp, junto a delegacias especializadas como a DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), reforça que medidas protetivas estão disponíveis e podem ser solicitadas a qualquer momento. No entanto, casos recentes mostram que, sozinhas, essas medidas muitas vezes não impedem a reincidência.
O Estado já implantou ferramentas como o Botão do Pânico, o monitoramento eletrônico de agressores e campanhas de conscientização, mas especialistas apontam que é necessário ampliar o atendimento psicossocial, a capacitação de profissionais e a articulação com a rede de apoio às vítimas.