A Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Sisamnes, cumprindo um mandado de prisão preventiva e 23 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso, Pernambuco e no Distrito Federal nesta terça-feira (26). A operação faz parte de uma investigação sobre a suposta venda de sentenças por desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), com dois magistrados já afastados. As ordens judiciais foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que centraliza as apurações sobre irregularidades no Judiciário dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
A operação foi nomeada em referência a um juiz persa histórico que aceitou subornos e apura crimes relacionados a organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional. Apesar de o cumprimento das ordens, o alvo da prisão ainda não foi identificado publicamente pela PF.
Além das buscas, as autoridades determinaram o afastamento de servidores do TJMT e o bloqueio de bens e valores dos investigados. Nos casos em que os pedidos de prisão foram negados, a Justiça determinou o uso de tornozeleiras eletrônicas como alternativa para os suspeitos.
A investigação ganhou impulso após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, morto com 12 tiros em seu escritório em Cuiabá no final de 2023. Uma análise de mensagens em seu celular revelou uma rede de venda de sentenças, com envolvimento de magistrados. Um dos nomes mencionados foi o do empresário Andreson de Oliveira Gonçalves, que também teria se comunicado com o desembargador Marcos José Brito Rodrigues, alvo da Operação Ultima Ratio em Mato Grosso do Sul.
Em Mato Grosso do Sul, a Operação Ultima Ratio levou ao afastamento de cinco desembargadores, incluindo o presidente do Tribunal de Justiça do estado (TJMS), Sérgio Fernandes Martins, e Sideni Soncini Pimentel, eleito para o próximo biênio. Também foram afastados os desembargadores Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Bastos e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS), Osmar Jerônymo.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu procedimentos disciplinares contra os magistrados envolvidos. Em Campo Grande, foram realizadas buscas nas residências de dois desembargadores aposentados e de um juiz da 2ª Vara Cível, Paulo Afonso de Oliveira, cujas decisões estão sendo revisadas pelo CNJ. A investigação começou no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, devido a suspeitas de envolvimento de um ministro do STF, o caso foi transferido para a mais alta corte do país. O Judiciário de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul enfrenta uma das maiores crises de renovação, com a PF seguindo as investigações para consolidar as denúncias.