A fuga de Dhionatan Celestrino conhecido como Maníaco da Cruz, de 20 anos, na madrugada do último domingo (3) deixou em alerta a Polícia Civil de Ponta Porã, onde o jovem estava apreendido em uma Unidade Educacional de Internação (Unei). Na tarde desta segunda-feira (4), uma denúncia anônima à polícia do Paraguai levantou a suspeita de que Dhionatan estivesse no país vizinho.
Segundo informações da 1ª delegacia de polícia de Ponta Porã, a informação de que o jovem teria tentado cortar o pescoço de uma pessoa em Pedro Juan Caballero mobilizou a polícia paraguaia.
De acordo com o policial que preferiu não ter a identidade divulgada, a informação chegou à delegacia durante a tarde. “Tivemos a preocupação em saber se a notícia era verdadeira ou não. Como a denúncia era de que ele estaria no Paraguai, não podemos ir até lá. A única saída é entrar em contato com os policiais paraguaios”, afirmou.
Até o fim da noite de ontem, Dhionatan não havia sido encontrado pela polícia do país vizinho e a suspeita de uma tentativa de homicídio cometida por ele também não foi confirmada pela polícia.
Conforme a Polícia Civil de Ponta Porã, o estado é de alerta para que o jovem seja recapturado o mais rápido possível.
Transferência
Na tarde de ontem, o governador André Puccinelli afirmou que tentou transferir Dhionatan para clínicas de tratamento de Minas Gerais e Rio de Janeiro, mas que nenhuma aceitou receber o jovem.
“Nós pedimos para Minas Gerais e para o Rio de Janeiro para que cedessem espaço e dessem atendimento psicossocial a esse rapaz, mas eles negaram. Não podíamos deixá-lo ao léu”, afirmou o governador.
No mês passado, o defensor público que representa o jovem no processo, Astolfo Lopes, disse ao Capital News que a última movimentação no caso foi um pedido do Ministério Público Estadual (MPE) para que o governo encontrasse uma instituição psiquiátrica para onde Dhionatan deveria ser transferido.
Mesmo depois da determinação judicial, Dhionatan não foi encaminhado para uma instituição porque nenhuma do Estado aceitou receber o jovem. De acordo com o defensor, o poder público deveria encontrar uma instituição fora de Estado para abrigar o jovem.
Segundo Astolfo, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina que adolescentes que cometem atos de infração só podem permanecer em unidades de internação durante três anos. Dhionatan estava há mais de 4 anos internado em uma Unei.
Fuga
Os agentes da Unei de Ponta Porã Por motivos de segurança, o jovem ficava em uma cela isolada da Unei. Agentes teriam encontrado uma janela com sinais de arrombamento.
O caso
O adolescente foi apreendido no dia 10 de outubro de 2008, em Rio Brilhante. O rapaz confessou o assassinato das três pessoas depois de considerá-las “perdidas”. As vítimas eram asfixiadas e colocadas em posição de crucificação.
Entre as vítimas do “Maníaco da Cruz”, estava o pedreiro Catalino Gardena, morto no dia 24 de julho de 2008. No dia 24 de agosto foi encontrado o corpo da frentista Letícia Neves de Oliveira, de 22 anos, e no dia 3 de outubro de 2008, o corpo de Gleici Kelli Silva, de 13 anos.
O rapaz relatou que no caso das duas jovens ele fez um questionário, em que avaliou a 'pureza' das vítimas. Como ele as considerou perdidas, as duas foram assassinadas. No caso de Gardena, a morte aconteceu após tentativa de prática sexual.
Gleice Kelly da Silva, de 13 anos, foi a última vítima do “Maníaco da Cruz”. Uma garota conhecida como “Carla”, de 17 anos, foi a única vítima que escapou com vida do assassino.
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Foto: Marcelo Victor/Arquivo Capital News