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Polícia Sexta-feira, 07 de Dezembro de 2007, 08:59 - A | A

Sexta-feira, 07 de Dezembro de 2007, 08h:59 - A | A

Em 2006, 1.494 homens morreram de forma violenta

Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

Mato Grosso do Sul destaca-se no mapa de óbitos violentos ocorridos no país com 1.494 mortes, aponta o estudo Estatísticas do Registro Civil, divulgado ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No Estado 17,7% das mortes de homens foram por causas violentas (assassinatos, acidentes, suicídios), índice superior à média nacional de 15%.

O ranking, entretanto, é encabeçado por Rondônia, que chega a apresentar mais que o dobro da média nacional, com 31,9%. Os estados localizados na região de expansão agrícola da Amazônia lideram as estatísticas. De acordo com o levantamento, feito durante o ano de 2006, o segundo estado mais violento é Mato Grosso (22,2%), com o Amapá em terceiro lugar (22%). Dos dez estados com maior percentual de mortes violentas, seis pertencem à região amazônica, incluindo Roraima (19,4%), Pará (19,2%) e Tocantins (17%).

São áreas basicamente rurais, de grande extensão de florestas e que abrigam empreendimentos agropecuários de larga escala. O que não é apenas coincidência, segundo o advogado José Batista Afonso, membro da coordenação nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e que representa a entidade no Pará.

“Esses estados estão localizados na fronteira da expansão agrícola, no que chamamos de arco do desmatamento, que faz pressão sobre a Amazônia. São locais onde a presença do Poder Judiciário e da segurança pública é extremamente fragilizada, associada ao problema da impunidade.”

Segundo o membro da CPT, a maior parte das terras nessas regiões são públicas e sofrem os processos de grilagem, quando são forjados documentos de propriedade, ou de apropriação ilegal, em que a pessoa toma posse sem nenhum documento, o que estimula a violência. No caso específico de Rondônia, José Batista credita os crimes ao grande fluxo de pessoas em busca de empregos em agronegócios.

“É um dos principais corredores de imigração para aquela região da Amazônia e de expansão de grandes projetos da pecuária e da soja. Isso provoca um problema social gravíssimo e uma das conseqüências principais é o aumento da violência.” De acordo com o IBGE, no ano passado morreram em Rondônia 1.717 pessoas vítimas de violência, dos quais 1.330 homens e 387 mulheres.

Embora o estado lidere em termos percentuais o ranking na região norte, em números absolutos fica atrás do Pará, que registrou 3.208 mortes violentas: 2.705 homens e 501 mulheres. No ranking das dez unidades da federação mais violentas também aparecem o Espírito Santo (20,6%) e o Distrito Federal (18,3%), onde não há disputas graves por terras, mas enfrentam problemas como o crime organizado, no caso do Espírito Santo, e de altos índices de acidentes de trânsito, na capital federal.

Empatado com Mato Grosso do Sul está outro estado que apresenta problemas de ordem fundiária, Pernambuco, com índice de 17,7% e registro de 5.914 mortes de homens por causas violentas em 2006.

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