Uma das maiores quadrilhas de roubo de veículos de carga do Brasil, que agia há 10 anos e movimentava mais de R$ 2,5 milhões por mês, foi desmontada hoje pela Polícia Rodoviária Federal em conjunto com o Ministério Público de Goiás. Numa ação que contou com 300 agentes da PRF, foram cumpridos 36 mandados de prisão e 61 de busca e apreensão em Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia.
Entre os presos estão empresários, despachantes, motoristas profissionais e assaltantes. Durante a ação, foram apreendidos computadores, mais de 5 mil certificados de registro de veículos em branco, farto material para adulteração de chassis e placas de veículos, além de armas, cartões de crédito em branco e veículos.
No Estado, o mandado de detenção e busca foi cumpridos em Campo Grande, na casa de homem identificado como Cristiano Benites Cabral. Segundo a PRF ele está viajando e somente foi cumprido o mandado de busca e apreensão.
Esquema
Os criminosos utilizavam um sofisticado esquema de adulteração, que funcionava a partir de Uberaba e Uberlândia, em Minas, e de Itumbiara, Goiás. Primeiro, os assaltantes do grupo roubavam os veículos, utilizando mulheres como 'iscas' ou simplesmente rendendo os caminhoneiros em postos de combustíveis, pátios de estacionamento ou mesmo na estrada.
Em seguida, os chassis das carretas eram cuidadosamente adulterados por profissionais treinados. De acordo com policiais rodoviários federais especializados em identificação veicular, a técnica dos bandidos beirava a perfeição. Após a remarcação, o grupo criava nova identidade para o veículo no Registro Nacional de Veículos Automotores (RENAVAM), por meio de despachantes. Numa ação inédita e ousada, a quadrilha colocava a carreta adulterada no seguro e voltava a rouba-la, desta vez para lesar as seguradoras. Um mesmo veículo chegou a ser utilizado no esquema três vezes.
Após a sequência de golpes, a quadrilha vendia os caminhões e carretas no mercado paralelo por até metade do valor, desmanchava e vendia as peças ou os enviava para a Bolívia. De acordo com as investigações, os bandidos possuiam infraestrutura para movimentar 10 veículos por semana. Pelo menos oito carretas seguiam para a Bolívia mensalmente.
Segundo o inspetor Giovanni Di Mambro, chefe da Divisão de Combate ao Crime da Polícia Rodoviária Federal, as investigações começaram há sete meses, quando agentes da PRF, apesar da técnica empregada pelos falsários, perceberam indícios de adulteração durante fiscalizações de rotina. "Mesmo com os indícios, ao consultar a base de dados do RENAVAM, o policial recebia a informação, verdadeira, de que o código consultado estava regular. Desconfiados, nossos agentes consultaram as montadoras dos veículos e a fraude veio à tona", afirma. A partir daí, a apuração recebeu o reforço do MP goiano.
Em 2008, a Polícia Rodoviária Federal registrou 342 assaltos a veículos de carga em todo o Brasil. Mais de 60% deles (225), ocorreram em Minas Gerais (176) e Goiás (49). O Triângulo Mineiro é considerado o maior corredor atacadista do pais. (Agência Brasil e PRF)
* Atualizada às 11h22
*2ª atualização às 15h
* última atualização às 15h53