Mato Grosso do Sul alcançou um marco importante no combate à tuberculose em unidades prisionais. O projeto “Estratégias de Controle da Tuberculose nas Prisões”, parceria entre a Agepen/MS (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), SES (Secretaria Estadual de Saúde), Fiocruz, UFMS e a Universidade de Stanford, já realizou mais de 13 mil atendimentos e tratou 473 casos da doença em presídios da capital nos últimos dois anos.
A iniciativa quer a identificação de estratégias de busca ativa e rastreamento de contatos para controle da tuberculose no sistema prisional, um ambiente de alto risco para a disseminação da doença. Segundo a infectologista Mariana Croda, uma das coordenadoras do projeto, a ação tem sido fundamental para o reconhecimento de Mato Grosso do Sul pelo Ministério da Saúde no controle e tratamento da doença.
Triagem e detecção precoce
A triagem ocorre logo na entrada de novos internos, com exames de raio-X e coleta de escarro, e se repete a cada quatro meses, mesmo em casos assintomáticos. Essa abordagem proativa reduz o risco de transmissão e garante diagnóstico precoce.
Um estudo recente da Fiocruz, em parceria com instituições de cinco países, apontou que o encarceramento é o principal fator de risco para a tuberculose na América Latina, reforçando a importância da triagem contínua em presídios.
O projeto conta com a parceria do Lacen/MS, que fornece estrutura laboratorial, e o laboratório da UFMS. Aproximadamente 40 profissionais de saúde integram a equipe multiprofissional, o que inclui médicos, enfermeiros e técnicos.
Um dos diferenciais é o uso de equipamentos móveis para a realização de exames dentro das unidades prisionais, eliminando a necessidade de escoltas e transporte externo, o que torna o processo mais ágil e seguro.
Além do diagnóstico e tratamento, o projeto avança agora para a educação em saúde. Um comitê comunitário foi formado com a participação de reeducandos, promovendo a conscientização sobre prevenção e sintomas da doença.
“Estamos implantando uma abordagem inovadora de educação em saúde para os próprios internos, promovendo o protagonismo deles no combate à tuberculose”, explicou a Dra. Mariana Croda.
O projeto já é realidade em todas as unidades do Complexo do Jardim Noroeste e, desde agosto de 2024, expandiu-se para o Complexo das Gameleiras e outras unidades da capital. A experiência também foi aplicada na Penitenciária Estadual de Dourados.
Para a chefe da Divisão de Assistência à Saúde Prisional da Agepen, Rita Luciana Domingues, o tratamento adequado não só protege a população carcerária, mas toda a comunidade. “Garantir assistência médica é uma questão de saúde pública e direitos humanos”, afirmou.
O sucesso do programa se deve à integração entre diversas instituições e reforça o compromisso de Mato Grosso do Sul com a saúde pública e o bem-estar da população prisional.