Uma conexão inusitada entre Mato Grosso do Sul, o Prêmio Nobel de Química e a cantora pop Katy Perry foi revelada recentemente. Em um vídeo para a revista Vogue britânica, Katy Perry apresentou o One Skin, um creme anti-idade que se tornou parte essencial de sua rotina de cuidados com a pele. O que muitos não sabem é que o principal ingrediente deste produto é um peptídeo inovador desenvolvido em Mato Grosso do Sul.
Esse peptídeo foi criado no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) - Bioinspir, sediado na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), utilizando tecnologias desenvolvidas por um dos vencedores do Prêmio Nobel de Química de 2024, o cientista David Baker. Baker, professor da Universidade de Washington, é conhecido por seu trabalho revolucionário no design computacional de proteínas, o que abriu novas fronteiras para a biotecnologia.
Reprodução do YouTube/@britishvogue

Em um vídeo para a revista Vogue britânica, Katy Perry apresentou o One Skin, um creme anti-idade que se tornou parte essencial de sua rotina de cuidados com a pele
O método desenvolvido por Baker, que permite projetar e prever estruturas tridimensionais de proteínas, é uma das muitas ferramentas empregadas pelo Bioinspir para desenvolver medicamentos e soluções a partir de moléculas inspiradas na fauna e flora brasileiras.
Ciência colaborativa e bioinspiração
O trabalho no Bioinspir, coordenado pelo doutor Octávio Luiz Franco, tem como foco a bioinspiração, que utiliza elementos da natureza para criar soluções inovadoras. "O produto criado pelo nosso grupo de pesquisa, junto com a One Skin, é um dos primeiros do mundo baseados em peptídeos. A ideia foi criar um ‘míssil teleguiado’ para atingir diretamente as células senescentes, que são responsáveis pelo envelhecimento da pele", explica Franco.
Segundo ele, o peptídeo usado no One Skin destrói apenas as células "ruins", preservando as saudáveis, o que resulta em uma pele mais jovem e flexível. Franco comentou que ficou surpreso com a menção orgânica de Katy Perry ao produto. "A Katy Perry com certeza está feliz com um rosto mais jovem", brincou o pesquisador.
Mato Grosso do Sul no centro da inovação
Com apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (Fundect), o INCT-Bioinspir conta com mais de 200 pesquisadores de 20 países. Além do desenvolvimento de cosméticos, o instituto também trabalha em projetos voltados à saúde animal e humana.
Além do peptídeo anti-idade da One Skin, outro produto promissor sendo desenvolvido em parceria com a OuroFino Saúde Animal é uma molécula para tratamento da mastite bovina, uma doença que impacta severamente a produção de leite. O projeto reforça a importância da bioinspiração, utilizando a biodiversidade do Pantanal e do Cerrado como base para pesquisas que já resultaram em produtos viáveis para o mercado.
Parcerias de peso e novas fronteiras
David Baker compartilhou o Prêmio Nobel de Química com Demis Hassabis e John M. Jumper, ambos do Google DeepMind, pela criação de proteínas que não existem na natureza. O trabalho colaborativo com o Bioinspir e outros centros de pesquisa reforça o papel de Mato Grosso do Sul como um polo inovador em biotecnologia.
“O Bioinspir mostra o poder da ciência colaborativa e coloca Mato Grosso do Sul no centro da pesquisa mundial”, ressaltou Márcio de Araújo Pereira, diretor-presidente da Fundect, destacando que o Estado seguirá investindo em projetos de pesquisa que têm o potencial de transformar não apenas a região, mas o país.
O INCT-Bioinspir continua na vanguarda com pesquisas sobre cicatrizantes, cosméticos inteligentes, produção de proteínas e moléculas para infecção hospitalar, sempre com foco em soluções que promovam sustentabilidade e inovação.