Sem os votos suficientes para aprovar a prorrogação da CPMF no Senado, cuja votação está marcada para a próxima terça-feira, o governo resolveu partir para o 'tudo ou nada' na conquista dos votos que faltam. Nesta sexta-feira, o presidente interino da Casa, senador Tião Viana (PT-AC) admitiu que o governo tem 46 votos, e não os 49 necessários à aprovação.
"Vou conduzir o processo dentro da legalidade e do regimento. Vamos aguardar para ver quem vai vencer esse cabo de guerra que se instalou. O que se percebe é que o governo já tem hoje consolidados 46 votos. Teria portanto que fazer uma busca de mais três votos para aprovar a CPMF", afirma Viana.
O raciocínio é de que o governo precisa atrair parcela da oposição e fazer um apelo individual para senadores da base que estão "rebeldes", já que as negociações com os partidos aliados já foram feitas. São sete senadores da base que afirmam votar contra o governo: César Borges (PR-BA), Expedito Júnior (PR-RO), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Geraldo Mesquita (PMDB-AC), Mão Santa (PMDB-PI), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Romeu Tuma (PTB-SP). De todos, Jarbas é a maior dificuldade.
Na oposição, como o PSDB se mostra arredio depois do frustrado acordo com a Fazenda, senadores do Democratas são alvo de atração. Há pelo menos quatro deles na mira. Para isso, o governo conta com a influência dos governadores José Roberto Arruda (DEM-DF) e Blairo Maggi (MT) que, apesar de filiado ao PR, pode exercer pressão sobre os dois senadores do DEM de seu Estado.
O governo também vai usar todos os prazos regimentais do Senado. A votação poderá ficar até para quinta-feira se a conclusão for a de que não há votos suficientes antes. A decisão terá de ser combinada com o adiamento da eleição do novo presidente do Senado, marcada para quarta.
Tudo ou nada
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Tarso Genro (Justiça) assumiram a linha de frente nas declarações sobre a necessidade do tributo e elevaram as críticas à oposição nesta sexta-feira, 7. Lula chegou a acusar parlamentares do PSDB e do DEM - contrários à prorrogação - de empreender uma cruzada da elite contra ele.
"Nós estamos percebendo, agora, lá no Senado Federal que tem algumas pessoas, não todas, dos partidos de oposição que não querem, não aceitam que esse País dê certo. E muito menos admitem o sucesso de um torneiro mecânico na Presidência da República", afirmou Lula, em Macapá, no Amapá.
Bastante irritado, o presidente mandou um recado à oposição: "Quero dizer para esses que pensam assim que o Brasil não vai ter crise, façam o que tiverem que fazer, esse País vai continuar crescendo, no rumo em que ele está". A emenda que prorroga a CPMF até 2011 precisa ser aprovada até 31 de dezembro. Lula espera que o texto seja votado na próxima semana.
Plano B
Temendo a possível derrota, o governo admitiu pela primeira vez nesta sexta, nas declarações de Tarso, que prepara alternativas para a possibilidade de a prorrogação da CPMF ser rejeitada pelo Senado. "Se tirarmos R$ 40 bilhões do Orçamento do ano que vem, certamente vai criar problema. Mas também o governo está trabalhando o seu plano B para não prejudicar", disse o ministro após assinar com o prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM).
Dilma propôs o uso da "persuasão política" como principal ferramenta do governo na campanha pela renovação da CPMF e cobrou responsabilidade da oposição. A ministra lembrou o acordo do governo que alterou a proposta inicial: a redução gradual da alíquota e isenção para trabalhadores com salários de até R$ 2.894. Ela afirmou ainda que a não-aprovação da CPMF resultaria numa diminuição significativa dos gastos com saúde, previdência e Bolsa-Família.
A ministra uniu-se a Guido Mantega (Fazenda), e partiu para o ataque à diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que encabeça uma campanha nacional contra a prorrogação da CPMF. Sem citar o nome do presidente da entidade, Paulo Skaf, a ministra disse que considera legítimo que os empresários defendam a diminuição da carga tributária, mas declarou que considera que a posição da diretoria da Fiesp é equivocada e não representa o sentimento do empresariado brasileiro como um todo. (Com informações do Conjuntura On-Line)