Bate boca marca sessão da Câmara de Vereadores da Capital nesta terça-feira, 27 de outubro. A discussão foi protagonizada por Paulo Pedra (PDT) e Flávio César (PTdoB). Os alvos foram os partidos de ambos.
Os parlamentares se revezavam entre falas durante uso do direito à palavra livre ou apartes demonstrando indignação com a vinda de detentos considerados de alta periculosidade do Rio de Janeiro ao presídio de Campo Grande. Todos citavam a reunião realizada ontem pelo prefeito Nelsinho Trad (PMDB) e autoridades do Legislativo, do Judiciário e eclesiásticas, em seu gabinete para tratarem de uma forma de repúdio à vinda de dez chefes do narcotráfico fluminense.
Pedra começou seu discurso de forma diferente dos proferidos pelos colegas que o antecederam. Ela afirmou que foi algo ruim a vinda dos detentos para cá, mas a que não era hora de retirarem outras questões da pauta da Prefeitura e da Câmara. Ele citou: que o restaurante popular do bairro Parque Lageado (que oferecia almoço a R$ 1,00) – fechado há alguns anos – poderia retornar; que os guardas municipais de Campo Grande recebem pouco, segundo ele, pela responsabilidade que suas atividades possuem; e que os bairros circunvizinhos ao presídio deveriam, então, receber mais estrutura por parte da Prefeitura.
Antes de finalizar sua fala [tem, por regimento, sete minutos para isso], Pedra concedeu aparte a Flávio César. Flávio, munido de uma página da edição de novembro de 2003 de um jornal campo-grandense, discorreu informando que naquela época, o deputado federal Dagoberto Nogueira (do mesmo partido de Paulo Pedra) era secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública e que, conforme o texto publicado no veículo, naquele ano, fora a Brasília conversar com o então ministro da Justiça, Marcio Fortes, para trazer o presídio federal a Mato Grosso do Sul.

Flávio mostra recortes de jornal de 2003, em que traria informação de que Dagoberto Nogueira (PDT) solicitou construção de presídio em MS
Foto: Deurico/Capital News
“Foi o Dagoberto, de seu partido, que capitaneou este presente de grego para Mato Grosso do Sul”, disse Flávio, diretamente a Pedra. Flávio é líder do prefeito na Câmara e, como tal, agiu defendendo a administração de Nelsinho. “Vossa excelência vive falando mal da administração da Capital, mas no seu partido tem isso. Tem uma administração, em Dourados [citando indiretamente Ari Artuzi, do PDT], que está envolvida em escândalos [cita as operações Owari e Brothers – deflagradas pela Polícia Federal sobre suposto esquema de fraude em licitações na área de Saúde].”
Finalizado o aparte, Pedra exaltou a voz: “O partido de vossa excelência é de aluguel. Não venha falar do meu partido, que é um partido de história. Nem sei se o seu partido tem algum prefeito. O prefeito de mais aceitação no Estado é o de Corumbá [Ruitter Cunha], que é do PT. Ou seja, temos prefeitos do PT que são bons, temos prefeitos do PT que são ruins. Temos prefeitos do PMDB que são ruins e temos prefeitos do PMDB que são bons. Agora, o seu partido, não tem exemplo nenhum. A não ser, ser partido de aluguel.”
Pedra finalizou: “Quero que vossa excelência pergunte a um especialista na área de segurança pública – porque vossa excelência não sabe nada sobre segurança pública – sobre quanto deveria ganhar um guarda municipal. Quero que vossa excelência venha com argumentos e não com notícia de 2003.”
Para Flávio, Pedra “é o verdadeiro equivocado e precisa refletir”. “Como uma pessoa dorme líder do prefeito e amanhece na oposição?”, indagou Flávio, em conversa com o Capital News, referindo-se à antiga situação de Pedra, que deixou a base do prefeito este ano.
Pedra, antes, havia solicitado de Flávio data para o funcionamento da nova rodoviária, na saída para São Paulo, que foi inaugurada dia 6 e deveria entrar em funcionamento em 1º de novembro. Flávio não respondeu em plenário.
Ao Capital News, o líder de Nelsinho na Câmara informou que “existem vários termos [sem apresentar detalhes] que estão sendo construídos pela concessionária e uma série de medidas que precisam ser respeitadas”. Indagado sobre quais seriam esses “termos”, Flávio respondeu que “são questões de operacionalidade, como o próprio guichê onde vão atuar as empresa, os táxis, enfim”. Perguntado sobre se haveria uma data específica para o começo dos serviços, disse que “não há data específica porque o prefeito não vai deixar funcionar sem que esteja 100% pronta. Mas, acredito que seja em janeiro”.
Sobre o fato de ser inaugurada, mas não utilizada ainda, Flávio disse que “é normal, assim como, às vezes, se inaugura um posto de saúde sem estar devidamente com o quadro de pessoal pronto, por exemplo.”

Pedra diz que Prefeitrua tem que cuidar de melhorias nos bairros vizinhos ao presídio e aumento de salário dos guardas municipais
Foto: Deurico/Capital News
Projetos
O projeto de lei 6.674/09, de autoria do presidente da Câmara, Paulo Siufi (PMDB), deveria ser votado na sessão de hoje. O texto autoriza o poder Executivo (Prefeitura) a instituir o projeto Saber Sistema de adoção de bibliotecas e equipamentos culturais por empresas.
Como o parlamentar está no Rio de Janeiro, participando de encontro entre as Câmaras das capitais brasileiras, o projeto – conforme regimento interno da Casa – teve de ser retirado de pauta e passado para a próxima, nesta quarta-feira.
Em três horas e meia de sessão, foram feitos discursos em torno de um único tema – o presídio federal – e votado um decreto que institui um título visitante ilustre de Campo Grande, de autoria de Jamal Salem (PR).
Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)
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VITOR 07/11/2009
fICO GRATO A DEFENDER OS GUARDAS MUNICIPAIS , ELES GANHA HOJE NÃO DAR NEM PARA COMER NELSINHO NEM ADQUIRIU O PRONASCI AJUDANDO OS GUARDAS A GANHAR MAIS UM POUCO................
1 comentários