Campo Grande 00:00:00 Domingo, 22 de Dezembro de 2024


Política Sexta-feira, 04 de Julho de 2008, 18:16 - A | A

Sexta-feira, 04 de Julho de 2008, 18h:16 - A | A

Corredor interoceânico é desafio e redenção para Bolívia

Da Redação- (DA)

O governo da Bolívia investirá aproximadamente US$ 600 milhões para concluir a conexão rodoviária com o Brasil e com o Chile, de forma a viabilizar o corredor interoceânico entre os três países. O embaixador boliviano Maurício Dorfler disse durante encontro em Campo Grande que seu país enfrenta dificuldades por conta do aumento nos preços dos insumos, mas assegurou que as obras de pavimentação que ainda faltam serão concluídas e as estradas estarão prontas para inauguração em setembro de 2009.

O oeste da Bolívia – incluindo a região fronteiriça com Mato Grosso do Sul – é o único trecho não pavimentado de um gigantesco corredor de 3,3 mil quilômetros que os três países sul-americanos planejam instituir ligando portos chilenos do Pacífico, com o porto de Santos (SP), no Atlântico.

Para o governo boliviano, o projeto é vital, disse o embaixador, e até por isso é essencial que as equipes técnicas dos três governos adotem medidas para que o corredor possa operar já no dia seguinte à inauguração oficial, que deve ser feita pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Michelle Bachelet e Evo Morales. Para definir essas medidas, estão na pauta das autoridades questões aduaneiras e de imigração, entre outras essenciais para operacionalizar a integração.

O embaixador informou que 94% do território boliviano e 99% da população sofrerão a influência da implantação desse corredor de transporte. São cerca de 613,8 mil quilômetros e sete milhões de habitantes na área de influência direta, e outros 420 mil quilômetros onde moram 2,2 milhões de pessoas a serem impactados de forma indireta.


No balanço apresentando durante o encontro, Dorfler mostrou que o andamento das obras de asfaltamento está mais adiantado em alguns trechos, enquanto em outros, segue em ritmo mais lento do que o esperado. Em um deles, de 48 quilômetros, a Bolívia ainda está fechando negociações para obter um financiamento externo.

Quando começarem os serviços, a duração deverá ser de 10 meses. Uma outra frente está adiantada, em direção à fronteira brasileira, na região de San José, com previsão de conclusão em setembro de 2009. A pavimentação do trecho entre Roboré e Puerto Suarez também fica pronta nessa data. Há ainda a previsão de início de uma nova frente de pavimentação, de 53 quilômetros, em dezembro deste ano. Para fazer andar os projetos, Evo Morales tomou medida que adianta às empreiteiras parte do pagamento para aquisição de matéria-prima. Mesmo assim, o aumento de preços é um problema que preocupa o governo, admitiu o embaixador.

Vantagens e desafios

Dados apresentados pelo diplomata justificam o empenho de seu governo em cumprir o compromisso de ativar o corredor interoceânico. Hoje, 70% das exportações são feitas pela rota da hidrovia Paraguai-Paraná, rio abaixo até o extremo sul do continente, na Argentina. Lá feito o embarque marítimo e a produção sobe a América do Sul novamente, pelo Pacífico para chegar aos portos do Chile.

“Para dar essa volta, e chegar depois à Colômbia e à Venezuela, por exemplo, uma exportação leva 45 dias”, relatou Dorfler. Com o novo corredor viário, a Bolívia terá duas opções mais rápidas e econômicas: seguir por rodovia direto para o Chile (a oeste) ou para Santos (a leste). A estimativa é baratear o custo do transporte em até 33% e reduzir a viagem para um tempo entre 10 e 20 dias.

Assim como brasileiros e chilenos, os bolivianos apostam no potencial do corredor para promover o transporte intermodal. “Estamos buscando avançar num corredor ferroviário, além da via rodoviária. Hoje há uma dificuldade técnica e geográfica para vencer, que é a falta de ligação férrea entre Santa Cruz e Cochabamba”, ressaltou o embaixador.

Outra preocupação é que sejam tomadas medidas conjuntas entre os parceiros para assegurar não só a integração estrutural, mas também a cultural e social dos povos dos três países. Mauricio Dorfler defendeu que é preciso reconhecer que existem assimetrias entre entre eles e identificar o que fazer para reduzir essa diferença de forma benéfica. Ele lembrou que não somente carga, mas pessoas vão se utilizar dessa via facilitada de transporte e integração.

O dinamismo no fluxo de pessoas gera boas expectativas também no setor de turismo para Brasil, Bolívia e Chile. Uma das preocupações bolivianas nesse segmento é obter o mesmo patamar de atendimento ao turista oferecido pelos dois parceiros. (Com Assessoria)

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS