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O trabalho pode se tornar ruim quando há uma série de fatores negativos que afetam a saúde e o bem-estar do trabalhador
Você sabe qual é a importância do trabalho na vida das pessoas? São vários os motivos da sua importância, entre eles, o fato de proporcionar a construção da identidade e dos vínculos sociais. No entanto, se por um lado o trabalho é capaz, de dar dignidade a pessoa, do outro, pode trazer consequências sérias, em alguns casos, impactar na saúde do corpo e da mente.
O Arquiteto Erick Fraiha de 40 anos vivenciou na pele as consequências negativas relacionadas ao trabalho. Ele é funcionário público, trabalha na coordenação de Engenharia de uma empresa há 15 anos e além disso, faz mestrado na área, o jovem sofreu dois infartos há pouco mais de um mês.
Entre os motivos dos episódios: estavam a preocupação com trabalho, prazos apertados no mestrado e estresse.
De acordo com especialistas em saúde, quem se encontra numa situação exaustiva, de autocobrança, prazos apertados, entre outros fatores, pode desenvolver ansiedade, síndrome do pânico e doenças cardiovasculares. O excesso de trabalho também está relacionado às dores musculares e nas costas.
"Deitei na calçada e pedi socorro"
O funcionário público infartou após treino matinal de musculação. Ele detalha que no caminho para a casa começou a sentir dores no peito que foram aumentando ao ponto de nem consegui chegar a tempo. “Deitei na calçada e pedi socorro ao meu marido que veio correndo me socorrer”, acrescenta.
O funcionário público foi atendido pelo Serviço de atendimento Médico de Urgência - SAMU e foi levado para a Santa Casa onde foi diagnosticado o infarto, logo após fez um procedimento de cateterismo, teve um segundo infarto ainda mais severo, esta, inclusive este afastado do trabalho, em recuperação.
O Fraiha é exemplo da parte negativa que o trabalho pode causar a uma pessoa, caso ela não estabeleça limites. No entanto, o trabalho não faz apenas mal as pessoas, pelo contrário, segundo o psiquiatra Eduardo Araújo trabalhar é fundamental por algumas razões.
Em primeiro lugar, porque proporciona uma fonte de renda. Além disso, o trabalho pode proporcionar um sentido de propósito e realização pessoal. Ele também pode fornecer oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional, permitindo que as pessoas aprendam novas habilidades, cresçam em suas carreiras e ampliem suas redes de contatos profissionais.
Foto cedida
Psiquiatra Eduardo Araújo fala que o trabalho pode proporcionar um sentido de propósito e realização pessoal
O psiquiatra acrescenta que trabalhar ajuda na socialização, na formação de vínculos afetivos e construção de amizades. Ele também contribui para a disciplina pessoal, ajuda a regular o ciclo de sono vigília, traz maturidade e senso de dignidade.
Araújo fala que o trabalho pode se tornar ruim quando há uma série de fatores negativos que afetam a saúde e o bem-estar do trabalhador. Alguns sinais de que o trabalho pode estar causando problemas na saúde mental incluem:
Estresse excessivo: O estresse é uma reação normal a situações desafiadoras, mas quando ele se torna constante e intenso, pode afetar a saúde mental do trabalhador. Isso pode ser causado por uma carga de trabalho excessiva, prazos apertados, pressão dos superiores, ambiente de trabalho tóxico, diminuição no descanso, entre outros.
Falta de autonomia: Quando o trabalhador não tem voz nas decisões que afetam seu trabalho, não pode tomar decisões importantes, não é ouvido pelo empregador ou não recebe feedback suficiente, pode sentir-se desvalorizado e desmotivado.
Isolamento: Se o trabalhador se sente isolado ou ignorado por seus colegas ou superiores, pode levar à falta de apoio social e sintomas depressivos e ansiosos.
Ambiente de trabalho tóxico: Se o ambiente de trabalho é hostil, competitivo ou agressivo, pode levar ao estresse e ao esgotamento emocional.
Falta de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: Quando o trabalhador não consegue equilibrar as demandas do trabalho com suas responsabilidades pessoais e familiares, pode levar ao estresse e à exaustão.
O funcionário público se considera uma pessoa estressada e que se cobra muito, inclusive reconhece que exagera nas expectativas, motivos que colaboraram para o problema de saúde. Para tentar mudar essa situação, ele buscou ajuda na terapia.
"É melhor desacelerar e continuar produzindo do que ter que se afastar por questões de saúde"
Fraiha revela que nesses dias que está afastado esta aprendendo a trabalhar os seus limites, saber delegar a quem possa ajudar e pedir ajuda se preciso. “No trabalho, as vezes é melhor desacelerar e continuar produzindo do que ter que se afastar por questões de saúde, como estou neste momento”, finalizou.
