Terça-feira, 30 de Abril de 2024


Reportagem Especial Sábado, 22 de Abril de 2023, 08:13 - A | A

Sábado, 22 de Abril de 2023, 08h:13 - A | A

Reportagem Especial

Pobreza menstrual: A realidade na periferia

Presidente Lula assina decreto que prevê distribuição gratuita de absorvente pelo SUS

Renata Silva
Especial para o Capital News

Bild/Freepik

Pobreza menstrual: A realidade na periferia

Absorvente Feminino

Todos os meses elas arrumam uma forma de improvisar, umas rasgam os lençóis de cama, outras usam roupas velhas, papéis e até miolo de pão, as alternativas são muitas e ajudam a estancar o sangue na hora da menstruação. Essa é a realidade que Hellen Bueno de Oliveira e outras tantas mulheres da comunidade Esperança localizada no jardim Noroeste vivenciam com a falta do absorvente.

"As vezes não temos
nem para comer"

Acervo pessoal

Pobreza menstrual: A realidade na periferia

Hellen moradora de uma comunidade no bairro Noroeste fala que dá para contar nos dedos quantas vezes conseguiu comprar absorvente

 

São de cinco a sete dias de agonia, conta a dona de casa de 41 anos. Ela fala que dá para contar nos dedos as vezes que conseguiu comprar o item de higiene íntima. “As vezes não temos nem para comer que dirá comprar um absorvente, sem contar que é caro né?”, acrescenta.

 

Ela é casada, tem cinco filhos. Na casa dela apenas ela menstrua, no entanto por causa de um problema no útero, quando menstrua fica cerca de 15 dias sangrando. Ela fala que algumas consegue o absorvente através de doações, mas na maioria das vezes, são os retalhos de lençol que ajudam a improvisar.

Mas essa realidade pode mudar nos próximos dias, isso porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto que cria o Programa de Proteção e Promoção da Dignidade Menstrual. Serão investidos aproximadamente R$ 418 milhões por ano na compra dos absorventes que serão distribuídos pelo SUS e será feita de forma centralizada pelo Ministério da Saúde.

Acervo pessoal

Pobreza menstrual: A realidade na periferia

Letícia entregando absorvente no Presídio semi-aberto


De acordo com o texto, cerca de 8 milhões de pessoas serão beneficiadas pela iniciativa que é voltada a todas as pessoas que menstruam. O programa alcançará mulheres cisgênero, homens trans, pessoas transmasculinas, pessoas não binárias e intersexo.

Para serem beneficiadas pelo programa as pessoas precisarão comprovar vulnerabilidade, ou seja, estarem dentro dos critérios do Bolsa Família e do Cadastro Único. O texto acrescenta que também estarão incluídos estudantes de baixa renda matriculados em escolas públicas, pessoas em situação de rua ou de vulnerabilidade social extrema, pessoas em situação de privação de liberdade e que cumprem medidas socioeducativas.

Acervo pessoal

Pobreza menstrual: A realidade na periferia

Coordenadora da CUFa durante uma apresentação no Dia da Favela


A Central Única das Favelas – CUFA atende cerca de 300 mulheres em Campo Grande em situação de vulnerabilidade social. De acordo com a coordenadora Letícia Polidoro, são doados a essas mulheres, na maioria mãe de família, cestas básicas e absorventes, no entanto, não é sempre que a instituição recebe doações.

"Questão de saúde"



Ela detalha que já ouviu relatos de mulheres que já usaram papelão no período menstrual. Esse decreto, para ela, como coordenadora da CUFA, é uma vitória para as mulheres e para a CUFA. “Eu fico muito feliz com essa notícia de que as mulheres poderão pegar o absorvente pelo SUS. Até porque não é mais nem uma questão econômica e sim uma questão de saúde”, finalizou.

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