Produtores rurais podem aumentar produtividade da pecuária e minimizar as perdas no período de seca por meio do consórcio de milho com capins, uma estratégia benéfica para produção de carne.
O tema foi debatido na palestra ministrada pelo engenheiro agrônomo Ademir Hugo Zimmer, da Embrapa Gado de Corte, que explicou que entre as técnicas para aumentar a produção de carne, estão a produção de forragens, como grãos e silagens para suplementação animal, até o manejo das pastagens estabelecidas a partir de consórcio e o uso estratégico destas. O agrônomo também citou algumas técnicas de adubação dos sistemas, produtividade animal e de grãos.
Segundo Zimmer, os consórcios tem grande potencial para incrementar a produção de carne, pois são pastagens mais produtivas principalmente no período seco. “Mesmo no inverno, a técnica possibilita a alta produção de forragem e boa qualidade, com criação de seis a oito arrobas de gado por hectare, equivalente a carcaça do animal”, afirma. Além disso, são áreas adicionais as áreas de pastagens de verão, o que resulta em ganhos de produção e produtividade.
Além de melhorar a estabilidade da produção, a conservação do solo, água e ambiente, a tecnologia reduz os custos de produção, especialmente na carne. Apesar das vantagens, a técnica ainda é pouco utilizada entre produtores de carne. Mesmo assim, elas já estão sendo adotadas nas áreas mais tradicionais de pecuária, “com o objetivo da recuperação de pastagens degradadas com consequente melhora na produção animal e mais o adicional da produção de grãos”, salienta.
O consórcio de milho com capins possibilita também a integração Lavoura-Pecuária-Floresta. O pesquisador citou um caso de sucesso, conhecido como “Sistema São Mateus”, nome de uma fazenda localizada no município de Selvíria. No local, a Embrapa desenvolveu, por cinco anos, um sistema como alternativa para a diversificação da produção, recuperação de pastagens degradadas e viabilização da produção de grãos.
Em avaliações realizadas na propriedade, nos anos de 2010 a 2012, durante os meses de novembro a junho, os números relativos a produtividade variam de 5@/ha equivalentes a carcaça - neste caso, em área de pastagem em degradação - a 22,8@/ha, referente a pastagem no Sistema São Mateus durante o 1º ano após a soja (período de 11/2011 a 6/2012). Os bons números devem-se à maior quantidade e qualidade de forragem ofertada, o que resulta em maior capacidade de suporte de animais nas áreas com pastagens.
Zimmer destaca que os consórcios, quando bem implantados e conduzidos, apresentam baixos riscos para a produção de milho, entretanto proporcionam grandes benefícios pela boa palhada para cultivos, principalmente se as pastagens forem utilizadas por uma estação ou mais tempo, pela maior ciclagem de nutrientes e melhoria nas condições físicas do solo. “O importante é que o produtor utilize corretamente estas tecnologias, com orientação técnica adequada para que possa conduzir os cultivos, o manejo e a produção animal corretamente”, explica o pesquisador.