Os riscos da possível importação de animais em pé do Alto Paraguai para abate no Estado assusta pecuaristas de Porto Murtinho e Bela Vista, cidades vizinhas ao Paraguai. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS – FAMASUL, Ademar Silva Junior, posicionou-se contra a importação por razões econômicas e sanitárias.
A FAMASUL articula reunião com produtores rurais para discutir problemas de transporte e estrutura que inviabilizam a importação, apontados em estudo da instituição. O encontro é na quinta-feira (28), às 14 horas.
O presidente do Sindicato Rural de Porto Murtinho, Italívio Coelho Neto, teme que a importação “gere expectativa de excesso de oferta e derrube os preços da arroba” em Porto Murtinho. “Ela [a vinda de gado do Paraguai] é perigosa também na questão da sanidade porque a faixa vizinha ao Alto Paraguai não está com a ZAV [Zona de Alta Vigilância] concluída, não temos garantia de nada”, afirma Coelho Neto.
O site da prefeitura de Porto Murtinho informa que o prefeito Nelson Cintra (PSDB) “viaja no dia 28 ao Paraguai” com a secretária de produção e turismo de MS, Tereza Cristina Correa da Costa, “para manterem contato com ministros de Estado e autoridades sanitárias paraguaias visando abertura da comercialização do gado da região do Alto –Paraguai para ser abatido , no lado brasileiro, em Porto Murtinho, no Frigorífico Marfrig”. O firgorífco voltou a abater na cidade no último dia 25.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Produção e Turismo de MS- Seprotur, pecuaristas de Porto Murtinho pediram que a secretária verificasse a legalidade do abate de gado do Alto Paraguai na região, porém não há na agenda de Tereza Cristina compromissos a respeito do assunto no Paraguai no período. O pedido foi levado ao Ministério da Agricultura.
“E agora que o preço da arroba começou a reagir!”, desabafa o presidente do Sindicato Rural de Bela Vista, Francisco Cintra, que diz ter “informações que existem bois sem brinco [objeto que torna possível a rastreabilidade do animal] na região do Alto Paraguai”, o que deixaria claro o risco de importação de animais do país vizinho.
Conforme o presidente da FAMASUL, o Marfrig não tem desossa o que gera uma preocupação quanto à sanidade animal ainda maior para a pecuária brasileira. “A Fronteira já sofre com os altos custos da produção pecuária e a movimentação de carne sem desossa pelo Estado de outro país gera uma preocupação não só para MS como também para o resto do País”, alertou Silva Junior.