Livrar o continente sul-americano da febre aftosa até 2020. A meta parece ambiciosa diante da fragilidade demonstrada com o aparecimento de focos da doença no Paraguai no ano passado e no início deste ano, mas é um dos fatores que move as autoridades sanitárias brasileiras e paraguaias no alinhamento de ações de combate. Para atualizar e intensificar as medidas preventivas em curso nos dois países, representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e do Serviço Nacional de Calidad e Salud Animal (Senacsa), juntamente com órgãos de vigilância, Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) e sindicatos rurais da região fronteiriça de Mato Grosso do Sul se reúnem em torno da prevenção da aftosa nesta quinta e sexta-feira (08 e 09.03) no Sindicato Rural de Ponta Porã (MS).
"É possível erradicar a doença, pois sabemos como ela se comporta. Precisamos de políticas permanentes de melhoria do serviço sanitário", afirmou o diretor do Departamento de Saúde Animal (DSA) do Mapa, Guilherme Marques, na abertura do encontro, reforçando a necessidade de reuniões periódicas para nivelar as práticas nos dois lados da fronteira.
Entre as ações de combate adotadas pelo governo brasileiro estão a unificação de cadastro e vacinação e medidas de controle de trânsito animal. O Paraguai, por sua vez, apresentou na reunião o mapa de movimento de saída de animais da área da Zona de Alta Vigilância Paraguaio (ZAV) e uma série de medidas que teriam sido implementadas no controle da aplicação da vacina, em especial na região onde foram detectados os últimos focos. "O compromisso da erradicacão deve ser assumido pelo setor oficial junto com o privado", enfatizou o presidente do Senacsa, Félix Otazu Leguizamón.
Segundo o presidente da Famasul, Eduardo Riedel, o nível de comprometimento e a consciência sobre as medidas preventivas do produtor sul-mato-grossense evoluíram muito nos últimos anos. "Nossa preocupação é com a necessidade de investir na estrutura de defesa em áreas de assentamentos e de reservas indígenas", afirmou.
Marques ressaltou a necessidade de ações com efeitos duradouros. "O papel do governo é dar segurança para garantir investimentos e para que o setor possa se concentrar em buscar novos mercados". De um rebanho brasileiro estimado em 212 milhões de animais, 180 milhões estão em área livre de aftosa, sendo que apenas Santa Catarina desfruta da condição de ser livre sem vacinação.
Desde o início de 2011 foram suspensas as ações mais rigorosas exigidas dos produtores da ZAV, uma faixa de 15 quilômetros a partir da fronteira entre Brasil e Paraguai, tais como embarque acompanhado por órgãos sanitários, quarentena de origem e destino e identificação individual dos animais.
Participam da reunião na fronteira a secretária de Produção e Turismo de MS (Seprotur), Teresa Cristina Dias, o superintendente Federal da Agricultura (SFA), Orlando Baez, a diretora da Agência Estadual de Defesa Animal e Vegeta (Iagro), Cristina Carrijo, e representantes de sindicatos rurais dos municípios de Antônio João, Aral Moreira, Caracol, Bela Vista, Sete Quedas e Ponta Porã. (com assessoria)