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Rural Quinta-feira, 12 de Março de 2009, 07:22 - A | A

Quinta-feira, 12 de Março de 2009, 07h:22 - A | A

Plantio tardio rende mais soja em pequena região de Naviraí

Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

Numa área em que a maioria das lavouras foi castigada pela seca entre o sul de Mato Grosso do Sul e o noroeste do Paraná, produtores de uma microrregião perto de Naviraí (MS) atrasaram o plantio de soja, também pela falta de chuva, e agora estão colhendo volumes bem acima da média sul-mato-grossense na safra 2008/09.

"Foi uma sorte o fato de termos plantado um pouco mais tarde. Uma coisa que parecia ruim para o produtor, que ficou com uma janela menor para plantar a safrinha de milho, foi benéfica para a soja", afirmou o gerente de assistência técnica da cooperativa Copasul, Antônio Meireles Flores.

A área de atuação da Copasul abrange justamente municípios afetados pela seca do final do ano passado, mas por ter decidido esperar por uma chuva, plantando a maioria das lavouras após 25 de outubro, agricultores ligados à cooperativa agora estão colhendo em média cerca de 2.700 quilos por hectare, contra cerca de 2.400 quilos previstos pelo Ministério da Agricultura para a média de Mato Grosso do Sul.

Segundo Flores, as lavouras dos cooperados da Copasul, além de terem atravessado boa parte da seca em desenvolvimento vegetativo, na qual a planta é mais tolerante à falta de umidade, ainda receberam algumas chuvas que a importante região agrícola de Dourados (MS), fortemente atefada pela estiagem, não recebeu.

Não fossem o forte calor e a falta de chuva na época do Carnaval, em fevereiro, as lavouras da Copasul poderiam passar quase que ilesas numa safra marcada pela estiagem. "A gente ainda não sabe os efeitos disso, mas a produtividade pode cair para 2.400", acrescentou.

A Copasul espera receber, ao todo nesta safra, 150 mil toneladas de soja de seus cooperados. A colheita de soja já foi realizada em aproximadamente 35 por cento da área de atuação da cooperativa.

"Fomos privilegiados, mas se pegarmos o custo médio de produção (1.600 reais por hectare), a rentabilidade não vai acontecer. De qualquer forma, é melhor trocar seis por meia dúzia do que ter prejuízo", destacou o vice-presidente da Copasul, Yoshihiro Hakamada. O agricultor da Copasul tem recebido hoje 39 reais por saca.

SECA ENCURTA CICLO

Bem perto dessa microrregião, o Rally da Safra, expedição que realiza nesta semana levantamentos de produção nas mais importantes áreas agrícolas do Brasil, encontrou produtividades mínimas variando de apenas 300 a 600 quilos por hectare, bem abaixo do resultado esperado pela Copasul.

Mas ao percorrer trecho de Dourados até Toledo, no Paraná, na terça-feira, os técnicos do Rally verificaram também poucas lavouras de soja ainda por colher.

"Vimos muita safrinha, quase não tem mais soja no campo. Os agricultores plantaram muita soja precoce e a seca encurtou o ciclo", afirmou o diretor da Agroconsult, André Pessoa, organizador da expedição técnica acompanhada pela Reuters.

No caso da Copasul, essa situação ainda não se verifica, e o plantio do milho safrinha, feito após a colheita da soja, aconteceu em apenas 32 por cento da área esperada, que poderá render uma produção de 180 mil toneladas, segundo os técnicos da cooperativa.

Mas o plantio está atrasado, por causa da espera pelo plantio da soja, colocando em risco a safrinha. No ano passado, nesta época, 50 por cento da safrinha já estava semeada. Quando se planta a safrinha mais tarde nessa região, há maior risco de a lavoura ficar sem chuva ou de ser atingida por geada. (Roberto Samora, da Reuters)

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