O painel que discutiu sustentabilidade durante o Congresso Internacional da Carne, realizado em Campo Grande, nesta semana focou em apresentar o avanço das pesquisas para diminuir as emissões de gases estufa na pecuária sem que haja perdas de produção. Os três especialistas participantes foram unânimes em afirmar que há maneiras de atender a demanda mundial por carne e diminuir os efeitos negativos para o ambiente.
A especialista da Food and Agriculture Organization (FAO), Carolyn Opio, apresentou pesquisas da organização que mostram que as maiores emissões de gases estufa estão nos países mais desenvolvidos. Segundo Opio, as tecnologias sustentáveis estão surgindo e precisam ser compartilhadas. “A pretensão da FAO é de criar um plano de ação global para que o mundo possa produzir sem prejudicar o ambiente”, ressaltou.
No Brasil, as pesquisas tem avançado muito no sentido de agregar sustentabilidade aos sistemas produtivos. O pesquisador da Embrapa, Segundo Urquiaga, mostrou o que a empresa tem feito no sentido de colocar o País na ponta da geração de tecnologia. “Nós transformamos o cerrado, até então considerado uma terra improdutiva, em áreas que produzem grãos em grande escala. Nosso objetivo agora é melhorar nossos pastos para produzir animais em menos tempo e assim emitir menos gases”, explicou.
Outro pesquisador e companheiro de Urquiaga nos estudos de sustentabilidade, Robert Michael Boddey, relembrou que uma das práticas que mais emitem gases é o revolvimento do solo, mas o Brasil é líder em plantio direto. “O segredo da produtividade é o manejo de pastos e o Brasil tem pesquisas muito significativas nessa área. O problema fica por conta dos estudos ainda serem publicados em português, o que dificulta a divulgação para a comunidade internacional”, completou.
O evento
O Congresso Internacional da Carne 2011 aconteceu entre os dias 7 a 9 de junho na Capital. Nos dois de evento, com a parte em palestras, debates e mesa redonda passaram pelo Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, cerca de 2 mil pessoas, superando as expectativas dos organizadores, que previam cerca de 1.050 participantes.
No evento foi discutido assuntos e aspectos da cadeia produtiva da carne e suas transformações. O Congresso teve a participação de 29 especialistas do Brasil e do mundo, incluindo a Senadora e presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Kátia Abreu, e do Ministro da Agricultura, Wagner Rossi.
Para mostrar aos participantes o diferencial brasileiro, o consultor em aproveitamento de carnes, Marcelo Bolinha, apresentará durante o evento a “Vitrine da Carne”, uma espécie de show feito em uma sala de vidro para mostrar como são carneados os bovinos, suínos e ovinos brasileiros.
Em seu pronunciamento final, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Eduardo Riedel, fez um balanço das ações e atividades realizadas durante o evento. “Buscamos trazer o máximo de informações para que saíssemos daqui e depois refletíssemos. A realização do Congresso traduz a história da pecuária que foi construída com paixão. Vamos alinhar essa paixão ao profissionalismo e à discussão técnica. Se erramos, queremos mudar”, finalizou.
Com informações Famasul