A matéria-prima básica para a fabricação do papel é a celulose e o Brasil já ocupa o 4º lugar no ranking mundial de produtores de celulose.
A celulose é um dos componentes naturais da madeira e 80% do que é fabricado sai do eucalipto. A reportagem do Globo Rural visitou o mais novo pólo nacional do cultivo da planta em Três Lagoas, cidade no leste de Mato Grosso do Sul, que fica na divisa com o estado de São Paulo.
Por quase um século, a pecuária reinou na região de forma absoluta. A história começou a mudar na década de 70. Procurando alternativas para diversificar a propriedades o governo do Estado incentivou o plantio de eucalipto, que cresce muito bem na região.
Entretanto, foi a chegada de um gigante que deu nova perspectiva ao eucalipto. Com capacidade para produzir cerca de 1,3 milhão de toneladas por ano, a Fibria é uma das maiores fábricas de celulose do mundo. A unidade é tão grande que alterou até o PIB, Produto Interno Bruto ou a soma de todas as riquezas produzidas num lugar.
Quando a fábrica entrou em operação, em 2009, o PIB de Três Lagoas triplicou. O do estado de Mato Grosso do Sul aumentou 13% e até o PIB do país sofreu alteração. Houve um acréscimo de 0,15%. “Por dia a gente recebe em torno de 48 mil árvores de eucalipto”, disse Alberto Pagano Gil, administrador de empresas.
Como uma árvore de eucalipto leva uma média de sete anos para atingir o ponto de corte, os plantios para abastecer a fábrica começaram muito antes de ela entrar em operação. Hoje, as florestas da empresa já ocupam mais de 150 mil hectares. Para garantir produtividade e qualidade, são usadas tecnologias modernas de cultivo.
Eucalipto
Para acomodar suas florestas, as empresas estão arrendando terras ou fazendo contratos de parceria com agricultores da região. O agricultor Sílvio Miúra, dono de uma fazenda com mais de 2,3 mil hectares, está apostando no eucalipto. “O preço do gado não estava bom. O eucalipto estava dando uma rentabilidade maior por hectare. Nós arrendamos para a empresa cerca de 1,75 mil hectares. A gente pensou mais na diversificação. A gente continua com gado e nessa fazenda a gente definiu a parceria”, justificou Miúra.
A fazenda tinha reserva de mata nativa, mas não do tamanho que a lei exige. “Nós tínhamos em torno de 250 hectares de reserva. A reserva é em torno de 500 hectares”, disse Miúra. Para regularizar a propriedade a própria empresa fez um projeto, cercou e isolou os 250 hectares que faltavam, onde agora a vegetação nativa pode se recuperar.
Para plantar o eucalipto a empresa fez um contrato de parceria com a família Miúra. Nele, o agricultor fica com um valor correspondente a 35% de toda a madeira colhida na propriedade. “Eles fazem um adiantamento anual. Fazem uma estimativa de produção e adiantam por ano. Eles estão pagando hoje por hectare por volta de R$ 350.”
“Eu estou despreocupado. Se a firma quebrar, eu quebro junto. Mas uma firma como esta não quebra muito fácil”, concluiu Hilário Pistori.
A expansão do eucalipto vem acontecendo em várias regiões do Brasil. Vale lembrar que 100% da celulose produzida no país sai de florestas plantadas, o que agrada muito o mercado internacional. (Globo Rural)