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Rural Quinta-feira, 18 de Outubro de 2007, 14:16 - A | A

Quinta-feira, 18 de Outubro de 2007, 14h:16 - A | A

Projeto vai expandir produção e industrialização do leite em MS

Da Redação

Mato Grosso do Sul quer aproveitar o bom momento do leite no mercado internacional para deslanchar a produção, gerar renda aos produtores e fazer parte do espaço que o Brasil começa a ocupar no cenário mundial. Por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, Comércio e Turismo (Seprotur), o governo estadual iniciou um projeto chamado Balde Cheio, que visa criar condições para aumentar e qualificar a produção local. Técnicos da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) começaram a ser capacitados. Em uma etapa seguinte, os pequenos produtores também serão instruídos.

De acordo com superintendente estadual de Indústria e Comércio, João Carlos Krug, uma série de fatores faz deste um bom momento para apostar na pecuária leiteira. O consumo mundial aumentou, em média, 4% ao ano nos últimos anos. “É um novo momento. O leite deixou de ser o patinho feio da produção. O Brasil passou de importador a exportador”, cita Krug.

O fim de subsídios concedidos para produtores na Europa influenciou a mudança no mercado. Krug lembra que a ação de países junto à Organização Mundial do Comércio ajudou a fazer cair subsídios que garantiam a exportação européia, prejudicando outros fornecedores, como os brasileiros. As condições climáticas também interferem positivamente a favor da pecuária leiteira nacional. Confinada, a criação européia alimenta-se basicamente de grãos – como farelo de soja e milho – produtos cujo preço está em alta no mercado, “o custo está bem acima da média histórica. A produção ficou cara e menos competitiva”, aponta o superintendente.

O Brasil, ele diz, começou a tomar lugar nesse mercado. O consumo de leite e derivados na Ásia, especialmente na China, aumentou, fruto da melhoria de renda que elevou o poder de compra naquele País.

Leite em pó

O leite em pó é um exemplo significativo da melhoria do desempenho do setor. Em dezembro de 2006, o quilo do produto oscilava entre US$ 1,90 e US$ 2,10. “Em agosto, o preço chegou a US$ 5,20 ou US$ 5,40. Um aumento de 150% em oito meses”, cita João Carlos Krug, ressaltando que o valor do queijo também está maior.

Durante a estiagem, a produção brasileira foi reduzida. A menor oferta, aliada à melhor competitividade, fez subir em cerca de 50,8% o preço pago ao produtor. Mato Grosso do Sul ocupa ainda uma fatia pequena no setor. Produz em torno de 500 mil litros por dia do total de 25 milhões da produção nacional (cerca de 2%).

De 2000 a 2006 a exportação estadual de produtos lácteos foi irrisória, equivalente a US$ 43 mil, segundo a Seprotur. Em 2006 o montante exportado foi igual a US$ 6 mil. Os primeiros oito meses de 2007 já mostram melhora desse cenário, com a exportação de US$ 130 mil. “Houve aumento da demanda no mercado externo, e o câmbio, hoje, é favorável ao exportador”, aponta o superintendente de Indústria e Comércio.

O programa de incentivo Balde Cheio, que já apresenta resultados muito positivos em regiões do interior de São Paulo, quer aproveitar a tendência de crescimento e oferecer condições de produtividade e renda para o produtor sul-mato-grossense. Krug não acredita que os ganhos na exportação prejudiquem o consumidor interno. Os preços em alta observados atualmente podem cair com o início do período de chuvas. “Não que o leite esteja com valor maior do que vale, porque é um alimento de qualidade”, ressalta ele. De qualquer maneira, os valores cobrados atualmente do consumidor final devem estar num patamar equivalente ao teto e não deve subir, segundo ele. “O fomento à produção poderá fazer aumentar a exportação. Mas o excedente regulariza o mercado interno, não existe previsão de se reduzir a oferta”, ressalta.

A idéia do programa, conforme resume João Carlos Krug, é acabar com o “efeito serrote” (altos e baixos em diferentes épocas) e estabilizar a produção. Com clima favorável, temperatura amena e condições de produzir a pasto (sem confinamento), Mato Grosso do Sul tem oportunidade de ganhar competitividade e ocupar espaço que está se abrindo no mercado, especialmente o internacional.

Nos dias 22 e 23 deste mês, técnicos da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) vão a Dracena (SP), conhecer de perto a experiência do programa Balde Cheio. A comitiva contará também com profissionais de laticínios do Estado, num total de 42 pessoas. Uma nova visita, com 32 técnicos, acontece nos dias 6 e 7 de novembro. E de 6 a 9 de novembro, um grupo vai a Embrapa de São Carlos, ver detalhes do trabalho que a empresa desenvolve no suporte ao programa. (com informações do governo.ms)

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