O ministro da Agricultura da Rússia, Nikolai Fyodorov, autorizou cerca de 100 novos produtores de alimentos do Brasil a exportarem ao mercado russo, para compensar os embargos a outros tradicionais exportadores ao país. Na semana passada, a Rússia proibiu importações de alimentos dos Estados Unidos, do Canadá, da União Europeia (UE) e da Austrália, entre outros, em resposta às sanções sofridas em razão da crise com a Ucrânia.
Ao mesmo tempo em que anunciou os bloqueios, o país também anunciou a habilitação para exportar de mais unidades frigoríficas, além da permissão para a compra de produtos lácteos do Brasil. A medida foi considerada pelo setor de carnes brasileiro uma revolução, uma vez que o país deve ganhar ainda mais importância no mercado russo após a restrição aos EUA.
Segundo especialistas, a decisão do governo russo vai também contribuir para uma valorização dos preços domésticos da Carne Suína e de frango no país, mas terá impacto mais limitado sobre a área de bovinos. A Rússia praticamente triplicou o número de unidades brasileiras habilitadas a exportar ao seu mercado consumidor.
Preços
"Alguma elevação, sem dúvida, virá, porque o preço do frango está muito baixo", disse o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, à agência Reuters. Mas ele ressalta que o aumento não será imediato. Turra ponderou que a Rússia pode deixar de comprar produtos dos EUA e Europa. Mas norte-americanos e europeus poderão, por sua vez, vender para outros mercados, possivelmente competindo com o Brasil, o maior exportador global de carne de frango.
O preço do quilo do frango resfriado subiu cerca de 3% em Toledo (PR), maior produtor e exportador brasileiro do produto, desde 6 de agosto, quando a Rússia anunciou que compraria mais carnes do Brasil. Já o preço do quilo do Suíno no oeste catarinense teve alta de 2,2% em período semelhante, segundo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em seu relatório semanal mais recente, o órgão destacou "grande oportunidade" com a crise na Europa.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, disse que o impacto da alta deve ser claro em cortes como coxa e sobrecoxa, muito apreciados pelos russos.