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Saúde Quarta-feira, 05 de Agosto de 2009, 13:12 - A | A

Quarta-feira, 05 de Agosto de 2009, 13h:12 - A | A

Pediatras pedem atenção da Sesau e indagam se Mandetta \"está lavando as mãos\" como Pilatos

Marcelo Eduardo - Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

A SPMS (Sociedade de Pediatria de Mato Grosso do Sul) volta a questionar a forma de organização da especialidade na rede pública de saúde da Capital. A entidade solicitou entrevista coletiva, na manhã de hoje (5), no CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul), para expor que, ao “contrário do que dito pela gestão municipal, Campo Grande não está refém dos pediatras”, diz o presidente da Sociedade, Alberto Cubel Brull Júnior. A entidade rebate a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) e diz que a sensação de falta de pediatras nos postos de saúde são resultado de série de falhas no atendimento básico e que os profissionais não podem ser responsabilizados pelo problema.

Durante evento na manhã de hoje, na nova sede da Sesau, o prefeito Nelsinho Trad (PMDB) afirma que faltam especialistas no mercado. “Realmente falta. Não temos profissionais para atender à demanda. Isso vai ser sanado após a formação da nova turma da Uniderp [Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal].” Indagado pelo Capital News sobre a possibilidade de abertura de edital para concurso na área, Nelsinho disse: “Vamos ver... depois da nova turma da Uniderp.”

O presidente do SPMS, Alberto Cubel Brull Júnior, reclama da "falta de atenção da gestão" quanto à especialidade: "Ele está lavando as mãos? [referindo-se ao secretário de Saúde Luiz Henrique Mandetta] Quem ele pensa que é: Pôncio Pilatos?

No CRM

Existem cerca de 230 pediatras na Capital, aproximadamente cem são da rede pública. “Os plantões são de 6 horas ou 12 horas. Os colegas que trabalham por 12 horas reclamam que chegam a atender cerca de 80 pessoas por dia. Dá um tempo de, no máximo, cinco minutos para cada paciente. Isso é absurdo, não há tempo para prestar atendimento, para uma boa anamnese [é uma entrevista realizada por um profissional da área da saúde com um paciente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença]”, disse Alberto Brull Júnior.

As propostas claras da SPMS são para fixar pediatras em quatro postos 24 horas estrategicamente localizados [que seriam indicados pela Sesau] e nos Nasf (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) – que recebe dinheiro federal. Tais medidas foram adotadas com sucesso, segundo a entidade, em cidades do porte de Campo Grande, como Volta Redonda (RJ), Vitória (ES), Natal (RN) e Londrina (PR). Isso poderia, afirma a entidade, “proporcionar uma resolubilidade de até 80% dos problemas de saúde das crianças, com diminuição significativa da procura por serviços de urgência e emergência”.

Durante a coletiva, o presidente do CRM-MS, Antonio Carlos Bilo, reiterou: “Não existe falta de pediatra. Falta condição de trabalho para ele ir à rede pública. Ele não tem amparo de laboratório e segurança, por exemplo. A demanda é grande.”

Com relação às negociações com a Prefeitura, Bilo e Brull Júnior comentam que não houve progresso desde a assinatura de uma carta feita pelo CRM-MS, SPMS e SinMed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), no dia 13 de julho. “A iniciativa de discutir deveria partir do Poder Público e está sendo feito o sentido inverso: as entidades estão indo ao Poder Público e não tem respostas”, disse Bilo. “Desde 13 de julho buscamos contato com a Sesau, a secretária dizia que não havia vaga na agenda e, na sexta passada (31) informou que conseguiu para sexta que vem (7 de julho). Ou seja, quase vinte dias depois.

Segurança e estrutura


Para a presidente do SinMed, Luiza Santana, o que falta é “infraestrutura”. “A criança não pode ser tratada como um adulto pequeno. Ela precisa ser atendida por um pediatra. Por isso deve haver pediatra e não ser um clínico, por exemplo, a examiná-la. O que ocorre é que não faltam médicos pediatras. A pergunta é: por que eles não vão à rede pública? Falta infraestrutura e segurança. Às vezes se tem só um aparelho para observar o ouvido da criança num posto. Tem muitos problemas, além da possibilidade até de uma contaminação. Quanto à segurança... a maioria dos pediatras são mulheres. Por conta da demora no atendimento e por toda essa falta de infraestrutura, os pais dos pacientes ficam nervosos, batem nas portas, xingam, brigam. Isso gera preocupação. Elas [médicas] chegam em casa e dizem para os maridos e acabam saindo da rede pública”, diz.
O presidente da SPMS, Brull Júnior afirma relata que, em 2006, uma pesquisa do DataFolha foi realizada em onze capitais brasileiras (incluindo a nossa) em que mostra 97% dos pais desejando que seus filhos sejam atendidos pelo pediatra e 70% dos pesquisados gostariam de levar os filhos ao pediatra para assistência médica mesmo sem eles estarem doentes. Brull Júnior diz que entre 40% e 50% do trabalho do pediatra é voltado à prevenção.

O encontro entre as entidades com o secretário municipal de Saúde Luiz Henrique Mandetta será na manhã de sexta, 7.

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