Os prontos-socorros dos maiores hospitais de Campo Grande, como o da Santa Casa, do Hospital Regional Rosa Pedrossian e do Hospital Universitário, encontram-se em situação caótica, segundo fiscalização realizada pelo Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS), no mês de maio.
O CRM realizou vistorias nos três principais hospitais públicos, após receber denúncias de médicos que lidam com o dia-a-dia conturbado dessas casas de saúde, que constatou a falta de estrutura oferecida aos profissionais e a população. “Os prontos-socorros estão parecendo viver em estado de guerra. São os corredores lotados e centros de cirurgia sendo transformados em UTIs (Unidade de Tratamento Intensivo) improvisadas.”- declara o presidente do CRM, Antonio Carlos Bilo.
As vistorias realizadas na Santa Casa de Campo Grande, no dia 1 de maio, e no Hospital Regional e Hospital Universitário, no dia 19 de maio, constataram que a situação é agravante, tendo uma alta piora desde a última fiscalização realizada em junho de 2007. “Desde a fiscalização há dois anos atrás só tivemos promessas dos gestores públicos, mas nada ainda foi feito. Nós ficamos como um marisco, entra o mar e o rochedo.”- explica Bilo.
Durante vistoria na Santa Casa, foi constatado que o pronto-socorro funciona em condições precárias. A UTI constantemente está lotada por falta de leitos e os aparelhos utilizados estão sendo "sucateados" ou estão ultrapassados. “Os médicos também são vitimas desse cenário. Eles têm problemas até com a mobilidade nos corredores, que estão ocupados por macas.”-afirma Bilo.
Já no Hospital Universitário, a fiscalização avaliou como péssimo o atendimento prestado, tendo inúmeros pacientes colocados nos corredores. Outro ponto encontrado, foi o nível de stress que vivem os médicos, devido ao alto índice de morte no hospital. Apesar, de no momento da vistoria no Hospital regional, não ter gente nos corredores, as vagas na emergência já haviam sido esgotadas, mas que também é um fato constante a incapacidade para atender a demanda.
Tendo base nas vistorias, o CRM encaminhou um ofício ao MPF (Ministério Público Federal) e ao MPE (Ministério Público Estadual) para que sejam tomadas as providencias cabíveis. O mesmo foi feito há dois anos, mas nenhuma atitude foi tomada e a situação atualmente é ainda pior. Para Antonio Bilo, a saúde de Campo Grande deveria ser exemplo no Brasil, tendo em vista que tantas autoridades da Capital são médicos por profissão.
O CRM orienta que os pacientes que presenciarem alguma irregularidade, tanto como erro médico ou descaso da saúde, que procurem o Conselho, localizado rua Desembargador Leão Neto do Carmo, 305 , Jardim Veraneio, para protocolizarem a denúncia.