Fazenda objeto de investigação do Ministério Público do Estado (MPE) por poder ter sido comprada a preço superfaturado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) é do pecuarista José Carlos Bumlai, 66, tido como amigo e conselheiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista concedida ao site Folha Online, nesta quinta-feira (16), o empresário se declara “surpreso” com a notícia. Segundo as apurações, o valor pago pela aquisição da propriedade denominada São Gabriel, de 4.683 hectares, localizada no município de Corumbá seria R$ 7,5 milhões a mais que o de mercado.
"Estou surpreso com tudo isso. Eu não vendi nenhuma fazenda superfaturada a ninguém", declarou Bumlai, à Folha.
Por conta de solicitação do MPE, a Justiça Federal já ordenou o cancelamento imediato do repasse de dinheiro para a continuidade da transação, tendo, por enquanto, sido pagos os títulos da dívida agrária (TDAs).
Bumlai além de amigo de Lula é membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) do governo Federal.
De acordo com o MPE, ele vendeu a terra por R$ 20.920.783,58, mas, na época do negócio, ela valia R$ 13.355.146,81. Atualmente, 274 famílias, estão assentadas ali. Até hoje, Bumlai recebeu R$ 14,2 milhões, sendo que R$ 4,3 milhões (referentes às benfeitorias) foram dados à vista.
Para o empresário, todos os procedimentos foram corretos: "Houve audiência pública, registro público de preços. Aos vizinhos, foi facultada a possibilidade de ofertas melhores. Cinco anos depois, tudo isso não vale mais nada?" E ainda reclama do preço: “É uma fazenda na beira do asfalto, com quilômetros de cercas de aroeira. Eu queria receber mais."
Mediante carta oficial enviada à Folha, o presidente do Incra, Rolf Hackbart, afirma que a avaliação da propriedade "foi realizada com metodologia adequada e de acordo com a legislação e as normas vigentes".
"Os servidores do Incra fizeram ampla comparação de mercado com imóveis rurais da região", expõe Hackbart.
Conforme a nota, a fazenda, localizada a cerca de 45 quilômetros da área urbana de Corumbá, teria sido classificada como “ótima” na avaliação de campo, um dos itens para a feitura da negociação. "O solo também foi considerado de excelente qualidade”, complementa na nota.(Com informações da Folha Online)
Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)
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