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Alexandre Garcia Terça-feira, 23 de Dezembro de 2008, 09:00 - A | A

Terça-feira, 23 de Dezembro de 2008, 09h:00 - A | A

Feliz Ano Ruim...

Jornalista Alexandre Garcia

Feliz Ano Ruim...

Olá a todos os leitores do Capital News de Campo Grande no Mato Grosso do Sul, iniciamos nossa coluna que será semanal neste conceituado site de noticías, trazendo sempre de forma imparcial meu ponto de vista sobre o cotidiano dos acontecimentos do Brasil e no Mundo.

Desde que nasci, nunca cheguei a um fim-de-ano com tantos maus augúrios para o ano seguinte. O ano-novo sempre foi o bebezinho sorridente que se despede do velho de longas barbas brancas, com mensagens de esperança. Agora, parece que o velho entrega para outro já decrépito, e com aparência de alguém contaminado por uma metástase sem perspectiva de cura. Mas assim como não é justo afirmar que tudo vai melhorar, porque essa crise só pode ser analisada por bola de cristal, tampouco é justo imaginar que tudo possa ir mal, exatamente por falta da bola de cristal. Meu gerente bancário garante que no segundo semestre, a economia vai deixar de ter sobressaltos. Deve ter feito algum pacto com o acaso. (Acaso, como vocês sabem, é sinônimo de sorte, tal como o é a palavra azar.)

Como navegamos ao estilo Colombo, continuamos no rumo, apostando que vamos dar a volta. O pior é que, como Colombo, os governantes simplesmente navegam por conta do erário. Que, como se sabe, é formado pela parte do nosso trabalho que se transforma em impostos. Enquanto todos ficamos com um pé atrás, governantes usam o pé para dar um chute na realidade, e promovem criação de empregos para vereadores e demais funções no serviço público, quando o momento seria de cortar gastos correntes para sobrar para investimento. Em Brasília, o governador seguiu o exemplo das empresas privadas, e vetou o aumento das verbas de gabinete dos deputados locais, argumentando que é preciso sentir o ano que vem. Se houver aumento das receitas, poderia examinar o aumento das despesas. As empresas privadas já decidiram esperar o primeiro trimestre para ver o que dá.

Só há uma forma de garantirmos um feliz ano novo: tratarmos de fazer feliz o nosso mundo que, como se sabe, se situa num sistema planetário de parentes e amigos e colegas. Cuidar do nosso interior e do nosso espaço exterior. Das coisas materiais e da cabeça. Como são fortes as coisas! – exclamava o poeta. Ficar pendurado em dívidas não é a melhor forma de entrar o ano. Assim como é preciso ter cuidado com as sobras e buscar algo seguro em que investir. Entra-se num ano em que empregos podem se tornar fugazes; a melhor forma de garantir estabilidade é se tornar imprescindível, derrubando o mito de que ninguém é insubstituível. E quem produz ou vende precisa, como nunca, agradar o patrão, que é quem compra o seu produto, mercadoria ou serviço.

Sobreviver a 2009 vai demandar, como nunca, conhecer-se a si mesmo – a chave para viver bem. Ninguém vive bem com os outros se não consegue viver bem consigo mesmo. Ninguém que não consiga fica só vai preencher a vida com uma multidão. Quem não consegue conviver com o silêncio, não vai conseguir que o barulho o ensurdeça. Vai continuar ouvindo sempre a voz da inquietação. Por isso, sejam quais forem as indicações da bola de cristal, o sucesso de 2009 estará na forma como conseguiremos levar a nossa vida.

Feliz ano novo!

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