A Central Estadual de Transplantes realizou no primeiro semestre deste ano 86 transplantes de córnea e 26 de rim; já de coração e de tecido músculo esquelético não houve nenhum. No mesmo período de 2007 os resultados foram os seguintes: 84 de córnea, 17 de rim e um de tecido músculo esquelético.
Dados do Ministério da Saúde revelam que o Brasil possui um dos maiores programas públicos de transplantes de órgãos e tecidos do mundo. O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) – criado desde 1.997 – está presente nos estados da federação por meio das Centrais Estaduais de Transplantes.
Em Mato Grosso do Sul a Central possui 19 equipes médicas preparadas para realizar transplantes de coração, rim, córnea e músculo esquelético.
Segundo a coordenadora da central, Claire Carmen Miozzo, a maior dificuldade encontrada é a resistência das pessoas em ser doador. “Ainda existe muitos mitos e pouca divulgação sobre a doação de órgãos, assim, a resistência das pessoas é grande”, afirma.
Entre as atribuições da central de transplantes, em linhas gerais, estão: inscrição e classificação de potenciais receptores, recebimento de notificações de morte encefálica, encaminhamento e providências quanto ao transporte dos órgãos e tecidos, pedido de credenciamento de equipes e de estabelecimentos de saúde para a realização dos transplantes, esclarecimentos à população e cadastro de doadores voluntários de medula óssea.
Para Claire, “o fato de o país possuir uma fila única para doação garante que todas as pessoas que necessitam de algum órgão tenham igualdade no atendimento”, revela.
A Santa Casa faz retirada e transplante de órgãos e o hospital São Julião somente transplante – ambos estão na Capital e atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) . Os sul-mato-grossenses também podem contar com algumas clínicas particulares que realizam transplantes.
Para sensibilizar e sanar dúvidas de pessoas interessadas em ser doador, Claire Miozzo ministra palestra – sempre que é convidada – para acadêmicos de universidades que oferecem cursos de enfermagem e medicina, alunos de escolas pública e privada e pessoas que procuram a Central de Transplantes.
Medula
A Central Estadual também capta doadores de medula óssea. Desde sua inauguração, em 1999, aproximadamente 32 mil pessoas já deram o primeiro passo para salvar vidas e se cadastraram no Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome). Para se ter uma idéia da complexidade da doação, até o momento, somente 15 casos de compatibilidade foram detectados. Nos testes mais apurados, apenas dois se confirmaram.
Em maio deste ano a Central em parceria com o Hemosul (Centro de Hematologia e Hemoterapia de Mato Grosso do Sul) realizou uma grande campanha para o registro de doadores para o Redome. Os resultados da parceria foram positivos: enquanto no primeiro semestre de 2007 foram registrados 4.031 pessoas, este ano, no mesmo período, já são 7.776.
Ano passado, no Brasil, houve um pequeno aumento no número de transplantes de medula em relação a 2006. Foram 117 procedimentos contra 111. Destes, 56 com sangue de cordão (24 nacionais e 32 internacionais) e 61 com doadores, sendo 54 do Redome e sete com doações internacionais.
Para ser doador de medula é necessário preencher um cadastro na Central ou no Hemosul. Só não podem fazer parte do Redome pessoas que têm ou tiveram leucemia, aplasias medulares ou doenças congênitas. Outro critério é estar na faixa etária de 18 a 55 anos de idade.
Doação
Para ser um doador a pessoa precisa apenas informar a família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte do doador.
A doação de órgãos é um ato pelo qual o doador manifesta a vontade de que, a partir do momento da constatação de morte encefálica, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas.
Uma pessoa pode doar vários órgãos e tecidos como: córneas, coração, pulmão, rim, fígado, pâncreas, ossos, medula óssea, pele e valvas cardíacas.
Também existem os doadores vivos. Estes podem doar um órgão duplo como o rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que se possa ser transplantado em alguém de sua família ou amigo. Porém, este tipo de doação só acontece se não representar nenhum problema de saúde para a pessoa que doa.
A Central Estadual de Transplantes funciona 24 horas e está localizada na avenida Afonsa Pena, 3.547. Os telefones de contato para informações são: 0800-647-1633 ou 3312-1400. (Com Assessoria)