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Cotidiano Terça-feira, 20 de Outubro de 2009, 17:55 - A | A

Terça-feira, 20 de Outubro de 2009, 17h:55 - A | A

Confronto entre PM e índios marca ocupação; Segurança Pública se reúne para discutir situação

Marcelo Eduardo e Reginaldo Rizzo - (www.capitalnews.com.br)

Confronto entre indígenas e policiais militares marcaram esta terça-feira, 20 de outubro, na região entre Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti. Granadas de gás lacrimogêneo e armas com balas de borracha foram utilizados pelos policiais.

Desde sexta-feira, 17, grupos de terena da área indígena Buriti ocuparam três fazendas na região: Cambará, 3R e Querência São José. Após decisão ontem, junto à Famasul (Federação de Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul) um conjunto de índios decidiu sair de duas fazendas, mas outro permaneceu na terceira e ameaça entrar nas demais agora.

Nossa equipe não conseguiu contato com os indígenas da aldeia Buriti, que persistem na ocupação. Conforme versão do secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini – que esteve reunido na tarde de hoje na PF (Polícia Federal), com a cúpula de segurança do governo e representantes federais – pela manhã, viaturas da PM faziam ronda em local próximo à aldeia.

Os indígenas, ainda segundo Jacini, trancaram a rodovia que dá acesso a Dois Irmãos via Sidrolândia e ameaçaram os policiais. “Eles queriam que os policiais dessem as armas e viaturas. Os policiais revidaram com tiros de armas com balas de borracha e granadas de gás.”

Nada ficou decidido ainda, segundo Jacini. Um grupo da Famasul foi ao local para averiguar a questão.

Acordo de ontem

Índios terena das aldeias Córrego do Meio, Lagoinha e Tereré (de Sidrolândia) e Água Azul, Olho d´Água e Recanto (de Dois Irmãos do Buriti) ocuparam duas fazendas na região, no dia 17. Ontem, um grupo de cerca de 70 deles foram à sede da Famasul, na Capital, para pedir, segundo eles, parceria junto à entidade para que façam juntos pressão na Justiça para a decisão sobre o conflito na região.

Ficou acordado que se, até as 10h de hoje, eles saíssem das fazendas, a Famasul iria disponibilizar ônibus para levá-los a São Paulo – onde fica o Tribunal Regional Federal da 3ª região, que deve responder pelas questões na área – e, ainda, iriam pressionar a Justiça também.

Os indígenas dessas aldeias saíram do local, inclusive, antes do prazo limite. Cumprindo, portanto, com sua parte no acordo. “Vamos sair rumo a São Paulo, provavelmente, ainda esta semana. Famasul e indígenas juntos”, diz Ademar da Silva Junior, ao Capital News, via telefone.

Conflito

Nesta região, área indígena Buriti, são oito aldeias (todas terena) que vivem na divisa entre os municípios de Dois Irmãos do buriti e Sidrolândia. A disputa está na Justiça há quase nove anos. Em primeira instância, o parecer foi contrário à causa indígena, porém, estudo antropológico (solicitado pela Justiça Federal) comprova que as terras reivindicadas são de origem indígena.

Hoje, os cerca de 3 mil terena [conhecido como índio agricultor, pela habilidade em lidar com a terra] de lá vivem em área de 2,4 mil hectares. Caso a Justiça acate a decisão apontada em pesquisas cientificas, a área aumentaria para 17,2 mil hectares.

Porém, desde 2006 (mesmo com os estudos), os processos judiciais ficaram parados no TRF3, após novo procedimento da Funai (Fundação Nacional do Índio) contrária à decisão de embargo do processo demarcatório feita pelo juiz federal Odilon de Oliveira.

Por: Marcelo Eduardo e Reginaldo Rizzo – (www.capitalnews.com.br)
 

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