A Sexta-feira Santa, também conhecida como Sexta-feira da Paixão, é um dos dias mais solenes do calendário cristão. É o único dia do ano em que a Igreja Católica não celebra a Santa Missa, substituindo-a por uma liturgia silenciosa e profundamente comovente, centrada na Celebração da Paixão do Senhor. Este rito é celebrado sempre às 15h, hora simbólica da morte de Jesus na cruz.
Segundo o padre Paulo Vital, pároco do Santuário Nossa Senhora da Abadia, este é o momento supremo da entrega de Cristo pela humanidade. “Na Sexta-feira Santa temos a celebração da Paixão às 15h, hora da morte de Jesus, celebrando esse momento supremo de amor, de entrega infinita pelos pecadores e pelo mundo inteiro”, afirma. “Jesus redime e resgata o mundo para Deus, toma para si todas as dores da humanidade para nos entregar a sua vida divina.”
Durante a Celebração da Paixão, os fiéis escutam a leitura do Evangelho da Paixão segundo São João, participam das orações universais — intercedendo por toda a humanidade — e realizam a Adoração da Cruz, gesto profundo de reverência e gratidão ao sacrifício de Cristo. O altar permanece desnudo, sem toalha, flores ou velas, simbolizando o luto e o silêncio diante da morte do Salvador.
Este dia integra o Tríduo Pascal, que se inicia na Quinta-feira Santa com a Missa da Ceia do Senhor e se estende até o Domingo da Páscoa. Trata-se do ponto culminante de todo o ano litúrgico da Igreja, um convite profundo para que os fiéis mergulhem no mistério central da fé cristã: a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
“Durante esses três dias, a Igreja entra num único movimento litúrgico e espiritual. O rito é o mesmo em todas as paróquias do mundo. Não importa onde o fiel esteja, ele encontrará a mesma mensagem e os mesmos gestos: a Ceia, a Cruz e a Luz da Ressurreição”, explica padre Paulo.
A Sexta-feira Santa é também marcada pelo silêncio. Não se tocam sinos nem instrumentos musicais, e o clima nas igrejas convida ao recolhimento, jejum e oração. Ao final do dia, muitas paróquias realizam a tradicional Procissão do Senhor Morto, gesto de piedade popular que expressa a dor da comunidade diante da morte de Cristo.
No sábado, a Igreja permanece em vigília silenciosa, aguardando a ressurreição gloriosa, que será celebrada com toda a solenidade na noite da Vigília Pascal. A Sexta-feira da Paixão, portanto, é o ápice do silêncio litúrgico e do amor sacrificial — uma pausa no tempo para lembrar que da dor mais profunda nasceu a salvação do mundo.
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