Um laudo do Instituto de Criminalística (IC) aponta que a madrasta de Isabella Nardoni, Anna Carolina Jatobá, ajudou o marido, Alexandre Nardoni, a jogar a menina do 6º andar do prédio onde moravam, informa o jornal O Estado de S.Paulo nesta terça-feira (1º). A conclusão será entregue ao promotor Francisco Cembranelli, responsável pelo caso.
Isabella morreu no dia 29 de março após, segundo a polícia, ter sido agredida e arremessada do Edifício London, na Zona Norte de São Paulo. O casal acusado pelo crime está preso na cidade de Tremembé, no Vale do Paraíba. Na segunda-feira (30), eles tiveram mais um pedido de habeas corpus negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Provas
Até agora, a única prova técnica contra a madrasta é uma gota de sangue em uma sapatilha dela. Havia indícios da participação de Anna na esganadura a que Isabella foi submetida, mas policiais e peritos reconheciam a fragilidade dessa vinculação. As outras provas - desde a pegada sobre o lençol até as marcas da tela de proteção na camiseta - apontavam para Alexandre.
As suspeitas contra Anna surgiram da comparação do formato e da quantidade de sangue no chão do apartamento e sobre os lençóis dos irmãos de Isabella. Chamou a atenção o fato de não haver sangue na camiseta de Alexandre, apesar de a menina ter sido carregada e ter um corte de 5 milímetros na testa.
Os peritos do IC consideram improvável que, após escorregar duas vezes, o pai tenha caminhado sobre as camas sem auxílio de outro adulto. Com a filha no colo, Alexandre dificilmente teria como colocar os pés de Isabella pelo corte na tela de proteção sem a ajuda de Anna.
No laudo de 57 páginas, o Núcleo de Crimes Contra a Pessoa responde a dois quesitos formulados pela delegada Renata Pontes, do 9º DP. Ela queria saber se as chaves do apartamento vizinho, da irmã de Alexandre, poderiam abrir o imóvel do casal. Os peritos afirmam que elas têm segredos distintos. A outra diz respeito ao tempo que Alexandre e Anna teriam gasto para cumprir a versão apresentada à polícia - ele não condiz com o registrado pela perícia.
Defesa
O advogado do casal, Ricardo Martins, afirmou que conclusão do laudo da reconstituição contradiz o que consta na denúncia em que a promotoria diz que Anna Carolina asfixiou Isabella e Alexandre jogou a menina da janela. “Isso é totalmente divergente do que consta na denúncia. A acusação tem se contraditado”, alegou Martins.
O defensor lembrou que, inicialmente, a polícia suspeitava que o pai e a irmã de Alexandre, Antonio e Cristiane Nardoni, teriam alterado a cena do crime. “Viram que não tinham condições de vincular o pai e a irmã, então jogaram a culpa para o casal”, disse ele, afastando a hipótese. Martins voltou a afirmar a inocência do casal. “Tem duas vidas sendo massacradas, pagando pelo que não cometeram”, concluiu. (